25 de junho de 2012

Violeta Foi Para o Céu – Andrès Wood



Forte, Instável, talentosa, melancólica e triste, muito triste. Impossível conseguir em uma palavra decifrar a força desta mulher tão talentosa. A Piaf do Chile, a dama derrotada, defensora do cancioneiro e da cultura popular chilena.

Sempre fiquei de conhecer um pouco mais de sua obra, graças as versões antológicas de Milton Nascimento e Mercedes Sosa para “Volver a Los Diecisiete” e “Gracias a La Vida” de Elis Regina. Se só por estas duas obras-primas, eu achava sua obra extremamente forte. Esta é uma ótima oportunidade neste precioso filme, dirigido por Andres Wood, do ótimo Machuca  para comprovar o talento desta artista.

Numa cinebiografia não linear, conhecemos uma mulher que sangrou através de sua obra. Mais do que a artista genial, o que vemos é a história de uma mulher que trás em si o peso do mundo nas costas. Mesmo em seus momentos alegres, a tristeza é sua companheira fiel, sua sombra que lhe trás o dom de belas e tristes canções. É impressionante como em certas pessoas a tristeza se acentua e segue dando o dom de uma vida nada fácil. Violeta sangrou até se matar com um tiro. Matou-se por amor e desamor, por um conjunto de derrotas vividas. Não aguentou o peso do mundo, mesmo que o traduzisse através de suas músicas e obras plásticas que chegaram a ser expostas no Louvre de Paris. Sua pátria e seu povo, que ela tanto amava e declamava em suas letras fortes, não reconheceram sua genialidade.

Como em toda a biografia, o ator que interpreta o biografado é que da o tom, e realmente impressiona a entrega de Francisca Gavilan como Violeta, entre a fragilidade e a agressividade, mostrando não um ídolo a se por num pedestal, mais acima de tudo, uma mulher intensa. A semelhança não é só física, como vocal, ela também interpreta com maestria todas as canções do filme.

A intensidade artística de Violeta dá o tom para o filme, e as canções são uma melhor do que a outra. Uma cena chama a atenção, é quando já no final do filme ela se vê abandonada pelo segundo marido – o gavião que machuca a galinha - e seu local de shows se vê inundado pelas chuvas, ela canta uma música tão forte, que dificilmente não doí nas pessoas que assistem. Sangra.

Um filme para se ver e rever. Para corações fortes. Para quem entende que a tristeza existe e que a vida não é uma cena de  – felizmente ou infelizmente - comercial de margarina. Um belíssimo filme, até agora a grande surpresa do ano, que veio lá do Chile.

Cantora, artista plástica, poetisa, patriota, comunista, mãe e mulher. Todas dentro de uma só, que tem uma obra e vida intensa, que precisa ser mais bem  apreciada, não só no seu próprio país, mas pelo mundo inteiro.

 Gracias, Violeta.

Violeta Foi Para o Céu – Andrès Wood