Acho que desacostumei de carinho, como diz uma canção. Não por vontade própria (será?), mas pelos percalços que a vida me levou. Vejo meus amigos na mesma faixa etária que eu, dando ritmo em suas vidas. Uns com filhos, outros marcando casamento, e eu aqui, nesta vidinha besta.Pareço um eterno adolescente, esperando a hora em que as coisas realmente vão acontecer. Não existe nada tão importante quanto o amor. As outras coisas são restos.A solidão é um troço complicado, viciante e estagnário. Tem vezes em que até gosto dela, principalmente em meio a festas e pessoas chatas. E sem perceber, boas chances vão escapando, por uma timidez criminosa de tão vulgar (no meu caso), acompanhada de um “deixa estar” difícil de largar. Outras vezes, me vejo não querendo arriscar, na falsa ilusão de manter intacto o pouco que tenho. Mas o que eu tenho?
A última vez que me vi apaixonado - coisa rara, ao contrário da mocidade - foi um verdadeiro caos. Acho que até tinha chances, mas recuava na hora de avançar. Avançava, ou melhor, atropelava, na hora de recuar. O resultado foi um zero a zero, aliado ao medo e à insegurança. Coisas da vida... Alguém tem que ser assim, calhou de ser eu.Outrora fogoso. Hoje...Fogo quase morto. Eu disse quase (melodrama demais também cansa), pois sei que tem algo dentro de mim, pronto para explodir. Algo bom, muito bom. Apesar dos meus descaminhos, trago dentro do peito, num cantinho escondido, fagulhas de esperança e amor, prontos para entrarem em erupção.
Lembro de uma cena (de novo este filme) de “Brilho Eterno” em que Clementine diz a Joel Barish em uma livraria, que se ele quer ficar com ela, tem que saber que ela não está ali para ser a salvadora de ninguém, pois também é carente e cheia de defeitos. Ele, mais tarde conclui, que ela descobriu a vontade de todo mundo, quando “encontra” alguém. Ou seja, que este alguém o salve. Será que encontrarei alguém que me salve? Às vezes me acho muito sem graça, mas me pego olhando para a quantidade imensa de babacas por aí, e acabo me achando legal. O problema é que me escondo num poço escuro, que a solidão egoísta e companheira me jogou. E me vejo invisível aos outros, a mim mesmo também. Porquê a gente complica tanto?
E minhas contradições me perseguem. Agora mesmo, escrevendo este texto para o blog, me pego pensando se terá alguém interessado nesta baboseira toda. Todos têm tanta coisa interessante para fazer, para que ficar lendo este texto, minhas lamurias? Mas também, vejo esta cidade em que moro, e pela qual nutro amor e ódio. Em meio a tantas pessoas, prédios e fumaças poluidoras de corpo e mente, penso que não existe lugar mais solitário no mundo do que São Paulo. Basta um olhar mais atento para se perceber. Lembro da música do Zeca Baleiro em que em um jogo de comparações, se diz mais solitário que um paulistano, se eu não me engano a música se chama “Telegrama”.
Revi ontem este filme, uma espécie de prévia, para o novo filme em que Kate Winslett atua, que se chama “O Amor Não Tira Férias”. Nutro uma paixão platônica por ela, e sou fiel, é só por ela, de todas as atrizes que conheço (que bobagem).E sempre que assisto a este filme, meus olhos não perdem cada movimento seu. Mas o legal nesta releitura, é que desta vez prestei mais atenção no personagem de Jim Carrey. Acho que Joel e eu temos muitas coisas em comum, na maneira de ser, e na timidez imbecil. O que não seria dele se não aparece Clementine para salva-lo.E olhando mais atentamente, o que não seria dela, se ele não a salvasse. Isso fica claro na singela e maravilhosa cena final.
Bom, agora vou assistir ao filme da Kate Winslet, depois comento aqui, pois já faz um tempinho (devido ao trabalho) que não vou ao cinema. Nada melhor do que um filme com ela, para retornar ao cinema.