Terminada a sessão, me demoro a sair da sala de projeção, meio que ainda bobo pela forte emoção que o filme me proporcionou. Saiu andando, subo a rua Augusta em direção a Av. Paulista.Uma sensação estranha me toma, olho para o céu nublado, em meio a buzinas e automóveis, e me sinto amortecido. Um choro difícil e tenso está preste a sair, preso dentro de mim, assim como minhas emoções adormecidas, escondidas em um baú invisível. As pernas estão mais pesadas, como se carregassem meus sentimentos. O choro saiu, enfim. De certa forma é um alívio, me sinto à flor da pele, como na canção do Zeca Baleiro. Enquanto espero o sinal abrir, um cara pára do meu lado, me encara e diz: “É, pelo jeito você também se emocionou com o filme. Está tudo bem?”. Porra, está tão na cara assim!A resposta sai meio embaralhada, agradeço, e sigo em frente (deveria ter sido mais simpático), com os olhos molhados. Ligo para uma amiga minha: “Teka, você está em algum barzinho?Com quem? AH! Num jantar. Putz... Acabei de sair do cinema, meio que sem chão, me sentindo meio pozinho, tô precisando de um abraço amigo. Não, não (muito gentil, se ofereceu a sair do lugar) precisa vir não, deixa quieto.” E segui andando, me sentindo só pra cacete.
O duro de não ter um amor, alguém para compartilhar vida e carícias, é que chega uma hora, você se acostuma, acaba rolando ferrugens pelo corpo e na alma. Você se fecha, mesmo quando alguém te chama pra vida novamente, o medo do medo de ter medo. Será que perdi alguns sinais? Essa minha miopia...
O céu carregado de nuvens, parece mais baixo que o normal, tão feio está o céu, quase me sufoca. Vontade de sair pelo mundo, como a Hermina, mais pra onde? “Aonde quer que eu esteja, eu não estou!!!” já dizia o gênio da melancolia, Sérgio Sampaio. Essa cidade nunca me pareceu tão grande, uma sensação de impotência me toma, riu de mim mesmo.”Deixe de bestagem, Beto. Tu és um homem”. Já nem sei quem sou. Mas a verdade é que para quem se sente sozinho, qualquer sentimento serve.
Nos bares, o pessoal bebe cerveja, está uma noite gostosa de calor. Penso em parar e me embriagar também, mais falta vontade de beber, coisa rara. Alias, falta tudo: amor, amigos- alias, me sinto cada vez mais distante de alguns bons e velhos amigos, será culpa minha?-, sexo e principalmente alegria. Sinto-me mal, ou pior, me sinto banal, isso, banal. Porque é tudo tão complicado? A gente lê livros, assiste a alguns filmes, escuta aquelas canções emotivas (o Chico falou que a canção está morrendo, que pena) e tenta ter em volta pessoas bacanas.Enfim, sabe de cor a lição, então porque quase não dá certo.Queria ser mais simples e leve.Mas essa amargura latente!Acho tudo um porre, até bebericar com os amigos, tudo uma grande ressaca sem fim.
O que eu preciso mesmo é encostar minha cabeça por milênios no colo de uma mulher e depois lamber seu sexo despudoradamente afins de remediar as ferrugens da alma e do corpo. Dizer "Eu te Amo" com sinceridade, etâ palavra bonita que eu quero que saia da minha boca, mas tá difícil. Bom seria encontrar uma moça bonita pra mim, nos comunicaríamos pelo olhar, nos abraçaríamos, nos beijaríamos e ficaríamos leves. Sonhos, sonhos, sonhos, que nos meus maus vividos 35 anos, ainda acalento dentro de mim, pois é a minha verdade. Às vezes não acredito que tenho esta idade, vivi tão pouco, queria sim, coisas simples, mais o simples também é tão complicado (viu, Alê).A falta de grana, a falta de cama, a falta de amor. Puxa! Hoje eu estou terrível, e parece que adoro ter pena de mim mesmo, o puro melodrama. Às vezes acho que sou um super-homem, o problema é que tem um pedacinho de criptonita escondida dentro de mim.Como arrancá-la?Aonde está esta verdinha maldita? Em que parte do corpo?
E o pior é que mesmo assim, a vida é linda. Eu é que sou besta mesmo.Alias, creio que quem não me conhece e ler este texto, vai pensar que sou um depressivo, não sou.Apenas complico o que poderia ser simples, minha vida. Mas é só dar um beijo na boca e tudo fica lindo de novo.
E o pior é que mesmo assim, a vida é linda. Eu é que sou besta mesmo.Alias, creio que quem não me conhece e ler este texto, vai pensar que sou um depressivo, não sou.Apenas complico o que poderia ser simples, minha vida. Mas é só dar um beijo na boca e tudo fica lindo de novo.
"Criei barriga, minha mula empacou.
Mais vou até o fim" - Chico