Certas vezes acontece de um
ator encarnar um papel de tal forma, que ele fica invisível, e só enxergamos o
personagem- e não o ator- ao qual ele se entrega e nos presenteia. Acontece
poucas vezes. No ano passado, no mês de janeiro também tive esta mesma
impressão com Camila Pitanga em “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos
Lábios”, onde não há vi, apenas Lavínia. Suas Lavínias apaixonantes e
apaixonadas. Uma entrega emocionante e sem pudores.
Agora, acontece a mesma
coisa com relação a Daniel Day Lewis – talvez o melhor ator da atualidade no
mundo -, incorporando o ex-presidente Lincoln. Com a ajuda de uma boa
maquiagem, Daniel se esconde atrás do ex-presidente e nos brinda com mais uma
interpretação perfeita, provando mais uma vez o porquê já foi agraciado duas
vezes com o Oscar, sendo que em minha opinião, deveria ter ganhado também por
seu hipnótico personagem de “Gangues de Nova York”. Mesmo criando um personagem
introspectivo, com voz baixa e até corcunda de tão “pra dentro”. Daniel
consegue se sobressair em todas as cenas que aparece, roubando os olhares e
provando que não é preciso falar alto para ser ouvido, exatamente como deveria
ser o ex-presidente. Sua interpretação
perfeita é o ponto alto do filme.
O problema começa depois
disso, ou melhor, todos os problemas, já que são muitos, mas podem ser
resumidos numa palavra só: chato. Sim, o filme é chato, acredito que o seja até
para o mais patriótico americano. Uma verborragia insuportável sobre a emenda
do fim da escravidão, que à parte de sua importância, cansa qualquer espectador.
Falta emoção ao filme mesmo em momentos onde o diretor poderia deixa-la fruir
tranquilamente, como na cena inicial, onde poderia deixar uma pequena amostra
de como foram aquelas batalhas entre Sul e Norte dos EUA, como fez no inicio de
“O Soldado Ryan” só que sobre a segunda guerra, mas se conteve. Ou mesmo na votação
do congresso, que deveria ser o momento catártico, mas é tímido. A cena da
morte de Lincoln é tão sem graça quanto inacreditável. Spielberg parece dirigir
o filme todo com o freio de mão puxado, mostrando um excesso de zelo, que
atrapalha muito a interatividade entre público e filme, um distanciamento
difícil de transpassar. Assim, faz um grandioso filme, como todas suas
produções. Mas não um grande filme.
Para mim, que comecei
praticamente minha paixão por cinema – lembro-me de moleque, ir vários finais
de semana seguidos, assistir a Indiana Jones no cinema - com as obras do “Super
Fantástico Spielberg”, e que aguardava seus filmes avidamente, vejo com certo
pessimismo seus últimos filmes, como se ele estive perdendo a cada nova produção
(a tal da curva decadente à qual Tarantino em recente entrevista diz ter medo),
se já não perdeu, seu brilho, seu tempo e sua genialidade, como diretor. Virou
mais um, é pena. Ou não. Esperemos suas novas empreitadas.
Os Caçadores da Arca Perdida * * * * *
Indiana Jones e o
Templo da Perdição * * * * *
Encurralado * * * *
*
Tubarão * * * * *
A Cor Púrpura * * *
* *
A Lista de
Schindler * * * * *
Império do Sol * *
* * *
Contatos Imediatos
de Terceiro Grau * * * * *
1941 – Uma Guerra
Muito Louca * * * *
Indiana Jones e a
Última Cruzada * * * *
E.T. O Extra
Terrestre * * * *
O Resgate do
Soldado Ryan * * * *
Minority Report – A
Nova Lei * * *
Munique * * *
Prenda-me se For Capaz
* * *
Jurassic Park
Parque dos Dinossauros * * *
Alem da Eternidade
* * *
Louca Escapada * * *
Guerra dos Mundos *
* *
As Aventuras de Tin Tin **
Lincoln * *
Cavalo de Guerra * *
O Mundo Perdido
Jurassic Park * *
A I Inteligência
Artificial * *
O Terminal * *
Indiana Jones e o
Reino da Caveira de Cristal *
Amistad *
Hook A Volta do
Capitão Gancho *