3 de agosto de 2008

Medo da Verdade – Ben Affleck


Estranho este Ben Affleck. Começou muito bem, ganhando Oscar de roteiro e tudo por Gênio Indomável, e atuando em bons filmes como Procurando Amy. Mas com isso veio a fama repentina, romances com estrelas todos os dias nos noticiários de fofocas, e os milhões de dólares ganhos em super produções, atiçaram sua ganância e ele encheu os bolsos, mas só fez filmes terríveis com atuações medíocres. Ninguém mais levou o rapaz a sério. Talvez por isso, sua estréia na direção de uma produção tenha passado desapercebida pela grande maioria das pessoas, e nem sequer passou nos cinemas, indo direto para as locadoras. Triste engano, e infelizmente tive de assisti-lo diretamente em DVD, mas ele merecia ser conferido na tela grande, pois é um excelente filme, e certamente entra na minha lista de melhores do ano.



Na sua primeira direção, Affleck dirige com muita segurança, como se já fosse um veterano, e filmando no subúrbio de Boston, sua cidade natal, chamou seu irmão Cassey para protagonizar o filme e adentrar naquelas vielas que eles juntos conhecem tão bem, como fica demonstrado logo no início do filme. O que se segue é uma história forte, tensa, cheia de nuances, onde crimes, assassinados, desaparecimento de crianças e pedofilia dão o tom deste filme baseado no romance de Dennis Lehane, o mesmo autor de “Sobre Meninos e Lobos”. Ouso dizer que este filme talvez seja até melhor que a adaptação do velho e bom Clint.

O personagem de Cassey Affleck é uma espécie de ”detetive” das pessoas que não se dão muito bem com a polícia, aquele tipo de cara que transita entre todos os tipos sem fazer julgamento, e acaba sendo contratado para achar uma criança desaparecida, filha de uma viciada em drogas vivida por Amy Ryan (indicada ao Oscar deste ano pela sua atuação marcante). Nesta sua busca pela menina desaparecida, acaba se deparando com problemas muito maiores, como pedófilos, traficantes e policiais corruptos. O buraco acaba sendo cada vez mais embaixo. E surpreendentemente, quando ele consegue solucionar o problema, se depara com um embate moral absurdo, em que suas escolhas o levam a tomar decisões que lhe trazem prejuízos imensos em sua vida pessoal. Qual a atitude certa a tomar, quando a atitude correta leva fatalmente ao erro, e o erro pode levar ao certo? Qual o rumo certo a tomar? No final do filme, o embate do personagem leva ao espectador o mesmo embate, e nos bota para pensar.

Assim, Bem Affleck demonstra grande talento na direção, e um futuro promissor. Talvez até dê para esquecer seus outros filmes como ator, pois nasce um grande diretor.

3 comentários:

  1. Desde Hollywoodland que Ben Affleck vem tentando apagar os Framboesas de Ouro de nossas mentes. Por enquanto, tem conseguido. É só ele não se meter com o Michael Bay.
    Concordo com você. Medo da Verdade deveria ter passado nos cinemas. Uma pena vermos tanta porcaria e termos de procurar pelo dvd de um bom filme. Sem contar a falta que faz a tela grande.

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  2. Cara, eu gostei mais do irmão diretor do que do irmão protagonista. Fiquei um pouco decepcionado com o ritmo do filme, porque conheço a obra bem como a literatura do Dennis Lehane (cujo romance foi adaptado). Faltou o mesmo espírito do Sobre Meninos e Lobos, do Eastwood. Espero que o Scorcese dê mais sorte com o Paciente 67.

    Mídia e cultura:
    http://robertoqueiroz.wordpress.com

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  3. Vamos combinar que realmente foi um grande salto para Ben Affleck. Revi estes dias e achei melhor ainda. Eu também gostei mais da direção do que da atuação, mas ambos estão acima da média em relação a trabalhos anteriores, né.Valeu a visita Pedro e Roberto.

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