Faz muito tempo que não acesso meu próprio blog. Na verdade nem sei porque fiquei tanto tempo sem colocar minhas idéias bobas a respeito de cinema, nesta espécie de confessionário virtual. O cinema talvez seja, uma das poucas coisas que continuo amando e que me estimulam. Acho que passei um tempo meio seco, sem saber ao menos o que escrever, pois não conseguia botar minha própria mente em ordem. Mas volto com vontade, e pra variar, não para fazer críticas e sim escrever sobre minhas impressões muitas vezes imbecis, que na maioria das vezes escapam ao próprio tema proposto. Pois vamos a elas:
Este filme do Reichenbach inaugura minha nova fase no blog, não por acaso. Estava devendo umas palavras a respeito deste cineasta tão singular. E uma cena da minha vida veio na lembrança assistindo o filme no cinema, que é muito interessante. Era um menino de uns doze ou treze anos, e não via a hora de chegar sexta-feira para assistir aos filmes da Sala Especial (quem tem mais ou menos minha idade sabe do que estou falando), que eram filmes de pornochanchada feitos na boca do lixo de Sampa, algo até muito inocente, se compararmos aos dias de hoje, mas para moleques como eu ... Basta dizer que assistindo ao filme “Cangaceiras Eróticas”, minha primeira punheta deu certo, e vi pela primeira vez aquele líquido esquisito brotar de dentro de mim.
Lembrei disso porque Reichenbach sempre incorpora aquela estética “Boca do Lixo” em seus filmes – até porque ele é nascido cineasta deste universo - e isso traz a eles uma forma autoral que muito me agrada. Mesmo quando ele erra a mão, tudo fica pequeno diante dos acertos. Reichenbach se arrisca a errar em nome de um cinema autoral e verdadeiro. Ele não se rende a estéticas ditas modernas e muito menos, aos cifrões dos novos estúdios “Globais” em que se faz cinema como se fosse televisão, e da pior qualidade. Ele fala de coisas que não se mostram na TV, mas nem por isso quer ser intelectualoíde, ou mesmo difícil. Reichenbach é cinema nacional. Lembro de como adorei, e fiquei até muito surpreendido com “Dois Córregos”. O filme me pareceu uma música, ou melhor, uma sinfonia tocada em forma de cinema. Uma música suave e triste em forma de filme. Outro filme que adorei dele foi “Garotas do ABC”, espécie de primeira parte deste “Falsa Loira” que ainda vai render uma terceira parte (ainda bem) sobre garotas operárias de fábrica, que estão muito longe do universo desenhado nas novelas da TV. Existe uma forte carga de realismo nos dois filmes, mas também muito carinho pelo universo retratado na tela.
Neste seu “Falsa Loira” acompanhamos a vida de Silmara, linda loira operária de uma fábrica, e suas desventuras amorosas e familiares. Como nada é o que parece, já explícito no título, Silmara parece uma mulher forte e segura de si, por vezes até antipática, mas na verdade é uma sonhadora que batalha no dia-a-dia para sustentar a si mesma e ao pai. Com seu jeito arrogante, suas colegas de fábrica comentam que se ela não tomar cuidado pode virar uma “biscate”, e é isso o que mais ou menos acaba acontecendo depois de se envolver com um cantor de rock e em seguida com um cantor brega romântico. É como se os retratos grudados na parede desbotada do quarto ganhassem vida, e ela pudesse viver seus sonhos. Mas qual o preço a pagar por isso? A vida é muito mais dura do que realmente parece ser, e a tintura do cabelo, assim como a maquiagem no rosto, por vezes não consegue esconder as cicatrizes, as feridas. No final, o que sobra é o ponto para bater pela manhã e mais um punhado de sonhos guardados no baú cada vez maior das desilusões.
Este filme do Reichenbach inaugura minha nova fase no blog, não por acaso. Estava devendo umas palavras a respeito deste cineasta tão singular. E uma cena da minha vida veio na lembrança assistindo o filme no cinema, que é muito interessante. Era um menino de uns doze ou treze anos, e não via a hora de chegar sexta-feira para assistir aos filmes da Sala Especial (quem tem mais ou menos minha idade sabe do que estou falando), que eram filmes de pornochanchada feitos na boca do lixo de Sampa, algo até muito inocente, se compararmos aos dias de hoje, mas para moleques como eu ... Basta dizer que assistindo ao filme “Cangaceiras Eróticas”, minha primeira punheta deu certo, e vi pela primeira vez aquele líquido esquisito brotar de dentro de mim.
Lembrei disso porque Reichenbach sempre incorpora aquela estética “Boca do Lixo” em seus filmes – até porque ele é nascido cineasta deste universo - e isso traz a eles uma forma autoral que muito me agrada. Mesmo quando ele erra a mão, tudo fica pequeno diante dos acertos. Reichenbach se arrisca a errar em nome de um cinema autoral e verdadeiro. Ele não se rende a estéticas ditas modernas e muito menos, aos cifrões dos novos estúdios “Globais” em que se faz cinema como se fosse televisão, e da pior qualidade. Ele fala de coisas que não se mostram na TV, mas nem por isso quer ser intelectualoíde, ou mesmo difícil. Reichenbach é cinema nacional. Lembro de como adorei, e fiquei até muito surpreendido com “Dois Córregos”. O filme me pareceu uma música, ou melhor, uma sinfonia tocada em forma de cinema. Uma música suave e triste em forma de filme. Outro filme que adorei dele foi “Garotas do ABC”, espécie de primeira parte deste “Falsa Loira” que ainda vai render uma terceira parte (ainda bem) sobre garotas operárias de fábrica, que estão muito longe do universo desenhado nas novelas da TV. Existe uma forte carga de realismo nos dois filmes, mas também muito carinho pelo universo retratado na tela.
Neste seu “Falsa Loira” acompanhamos a vida de Silmara, linda loira operária de uma fábrica, e suas desventuras amorosas e familiares. Como nada é o que parece, já explícito no título, Silmara parece uma mulher forte e segura de si, por vezes até antipática, mas na verdade é uma sonhadora que batalha no dia-a-dia para sustentar a si mesma e ao pai. Com seu jeito arrogante, suas colegas de fábrica comentam que se ela não tomar cuidado pode virar uma “biscate”, e é isso o que mais ou menos acaba acontecendo depois de se envolver com um cantor de rock e em seguida com um cantor brega romântico. É como se os retratos grudados na parede desbotada do quarto ganhassem vida, e ela pudesse viver seus sonhos. Mas qual o preço a pagar por isso? A vida é muito mais dura do que realmente parece ser, e a tintura do cabelo, assim como a maquiagem no rosto, por vezes não consegue esconder as cicatrizes, as feridas. No final, o que sobra é o ponto para bater pela manhã e mais um punhado de sonhos guardados no baú cada vez maior das desilusões.
Viva Carlos Reichenbach e suas sofridas e maravilhosas mulheres. Aguardemos a terceira parte.
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