20 de setembro de 2011

Lembranças – Allen Coulter


Para mim, a tragédia de 11 de setembro, continua acontecendo. Ali, os Estados Unidos deixaram de ser a primeira potência mundial. Com isso, seus filhos americanos, ou não se deram conta da transformação, ou apenas continuam se vendo como vítimas. Mas não só as Torres Gêmeas ruíram, a confiança também. Se junta a isso, um mercado econômico patético, pelas mãos de banqueiros e economistas que não querem  largar o osso e o resultado hoje é muito pior do que o que previa o mais pessimista democrata ou republicano. A economia está um caos e o desemprego bate recorde. Nem a morte de Osama Bin Laden harmonizou a coisa. E o primeiro presidente negro parece perdido.
No domingo retrasado se “comemorou” os dez anos do acontecimento, e entre tantas notícias e imagens na TV, que são mais fortes (ainda) do que qualquer cena de cinema, me peguei lembrando  de Caroline, uma menininha linda, personagem coadjuvante deste filme e acabei revendo em DVD.
Caroline faz parte de uma família desestruturada, desde o suicídio do irmão mais velho. Com o acontecimento, seus pais se separaram, seu irmão do meio saiu de casa, pois passou a culpar o pai empresário pelo suicídio, e ela se viu tendo problemas com falta de atenção nas aulas, e bulling das colegas. Mas coisas piores viram. A tragédia das Torres Gêmeas lhe trás outras perdas e marcará sua vida. Se antes ela já era um poço de delicadeza e tristeza, e depois do acontecido? Como uma menina como ela estaria/estará vivendo hoje, passados dez anos e ela já com seus vinte e poucos anos. Como estará sua cabeça, seu interior. Daí penso em quantas Carolines traumatizadas existem hoje nos EUA, e como trabalham seus traumas e dores. 
Outra personagem tão interessante quanto Caroline é Ally, vivido por Emilie de Ravin (a loirinha da super série LOST), que também vive com o trauma de ter visto o assassinato de sua mãe dez anos antes, numa estação de trem. Ela se apaixona por Tyler (Robert Petinsson, o vampirinho camarada) que é o tal irmão de Caroline. Alias, é aí que está o problema do filme. Cheio de coadjuvantes de peso, entre eles Pierce Brosnan, Lena Olin e Cris Cooper, o filme meio que se perde nas indagações de Tyler. A produção, ávida pelo publico da saga “Crepúsculo”, concentra suas fichas no personagem menos interessante, e com isso o filme meio que se perde, até o desfecho traumático, o atentado. Que trará mais uma morte trágica na vida de Ally e Caroline. Jovens e com tanto peso trágico nos ombros, na bela cena final que por si só já vale uma conferida no filme, Ally olha diretamente para a câmera, e sem dizer nada, parece perguntar ao público: “O que será de nós?”. Boa pergunta, pois passada uma década inteira, seu país, sua nação, ainda não sabe responder esta simples pergunta e o medo atingiu em cheio, a (ex) maior nação do mundo.

2 comentários:

  1. Beto, o texto ficou melhor q o filme, que na minha opinião é bem irregular, mas tem seus momentos. Os EUA parecem tão perdidos hj, qt na epoca do Ataque. Um Nação q vive muito da sugestão para comprovar seus motivos.

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  2. Eu até que simpatizei bem com o filme, é tocante a cena final. Mas sei que gostei mais que a maioria que andei lendo por aí, mas é legal gostar de filme que uns não gostam, assim como detestar filmes queridinhos dos críticos.Valeu a força Celo. Abraço

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