6 de abril de 2006

Crianças Invisíveis – vários diretores


Nem tinha tanta vontade de assistir este filme, mas com um episódio do Spike Lee. Não resisti e fui assistir. Se não agradou muito, também não decepcionou. Um projeto como este, que reúne vários diretores de locais diferentes, possibilita um resultado irregular.Tendo a criança como ponto principal, o que mais me impressionou foi o pessimismo latente em praticamente todos os sete episódios, com exceção do episodio da brasileira Kátia Lung.

Já de cara, temos o episódio mais cruel de todos, que mostra crianças em plena guerra civil em Ruanda, sem tempo nem espaço para serem o que são: crianças. Pequenos ainda, já são soldados de uma guerra longe de acabar, prontos para matar ou morrer. Detalhe para a metralhadora de um deles, que mostra a foto de um ídolo brasileiro naquele país miserável.

Spike Lee não decepciona, trata de um tema extremamente difícil, que nunca foi tratado no cinema (que eu saiba), que é crianças portadoras do vírus HIV, filhos de pais viciados em drogas, não bastasse a doença, ainda sofrem extremo preconceito pelas outras pessoas, na escola, etc.. Dói no coração ver aquela bela menina com uma vida tão difícil e finita.

Já o melhor episódio disparado é o da brasileira Kátia Lung.Talvez eu ache isso, por ser o único entre os setes episódios, que mostra algum tipo de esperança. Conta a história de “Bilú e João” que são muito pobres, e vivem de catar entulhos pela rua. Pobres de dinheiro, mas riquíssimos de coração.

O ponto negativo vai para Ridley Scott, que fez uma baboseira imensa. Às vezes nem acredito que este é o mesmo diretor de Blade Runner. Chatíssimo.

John Woo fez um episódio para lá de meloso, feito na medida para arrancar lágrimas das moças da platéia , como aconteceu na sessão em que eu estava presente.

Kusturica e Veneruso fizeram episódios fracos, como se estivessem no piloto automático. Parece que faltou um pouco de esmero em todos os episódios, poderiam ser melhores, mas vale a pena conferir assim mesmo, pela diversidade autoral e pelo tema abordado.


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