24 de maio de 2006

Meu Amor de Verão – Pawel Pawlikowski


No dia em que estreou este filme em SP, coincidentemente encontrei uma amiga num bar, ela estava com outras amigas, todas partidárias do amor entre mulheres. E como é comum conversarmos de cinema, principalmente quando eu chego em alguma rodinha (lá vem o fanático por cinema), logo comentaram deste filme, como sendo um que fala sobre “amigas”. Se o que elas falaram, é o que eu entendi, devem ter saído decepcionadas do cinema. Apesar de haver uma espécie de romance entre as protagonistas, este filme não é de maneira nenhuma lésbico (ops.)

Este bom e modesto filme (é que acabei de assistir a mega- chata- produção Da Vinci), não é propriamente um filme sobre o amor de duas jovens do mesmo sexo. Na verdade é um filme sobre a procura, o descobrimento, das coisas, dos sentimentos, das angustias.Um filme sobre o eterno descobrir. Sobre os caminhos entre tantos descaminhos.

Tudo acontece numa pequena cidade do interior da Inglaterra. Mona (Nathalie Press) e Tamsin (Emily Blunt), se conhecem e, apesar da grande diferença social – coisa mais do que importante na naquele país- se tornam inseparáveis. Assim, vamos conhecendo suas personalidades e como as duas vão cada vez mais se envolvendo, até sexualmente.Esse envolvimento desperta o ciúme de Phil (Paddy Considine), irmão de Mona. Que não vê com bons olhos a amizade das duas.

Esse para mim, é o grande personagem do filme. Phil vive numa árdua luta com seus sentimentos e principalmente seus instintos. Acha que encontrou a paz na religião.E sua casa que anteriormente era um pub, virá um local de culto e orações. Suas intenções e sua força de vontade são imensas, ele tenta de todas as formas “guardar” o diabo que existe dentro dele, para isso chega inclusive a construir uma imensa cruz afim de colocá-la na montanha da pequena cidade. Ele acredita que a crença em deus lhe trará a paz que tanto anseia (afinal, não é isso que todos que procuram Deus procuram?). Mas suas intenções se mostram frágeis num determinado momento, já no final do filme. É o homem, caindo e levantando, em busca do que não entende e não enxerga.

Logo percebemos também a fragilidade das garotas, principalmente de Tamsin. Mostrando o quanto se tem a explorar, na difícil engrenagem das mentes humanas. Mona, também caí, assim como o irmão, mais se levanta, mais forte. Pronta para outra. Três ricos personagens a procura de vida.

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