18 de julho de 2006

O Buda – Diego Rafecas


Logo após terminar a sessão no Frei Caneca Alteplex, onde eu tinha acabado de assistir a este filme, uma longa fila para outro filme, da sala ao lado, estava formada, e uma mulher me perguntou que filme eu tinha assistido,já que estava com os olhos marejados, e não fazia questão nenhuma de escondê-los. Respondi, e ainda acrescentei que o filme era maravilhoso. Ela falou para a amiga: “Tá vendo, tá vendo, vamos já tentar trocar os ingressos” e saíram apressadas em direção à bilheteria.

Este filme vai dividir opiniões. Acredito que céticos vão detestá-los, outros como eu, que adoram a temática dele, o assunto abordado, vão amá-lo, apesar do ritmo, por vezes arrastado, e alguns cortes, por vezes, abruptos. Nos leva a história de dois irmãos que perderam os pais de forma abrupta (via ditadura, fato abordado em quase todos os bons e recentes filmes argentinos) quando meninos, e foram criados pela avó. Rapidamente o filme já vai para a fase adulta deles, e vemos um irmão, o mais velho, interpretado pelo próprio diretor, se tornar um cético e racional professor de filosofia, enquanto paralelamente, vemos o irmão mais novo, praticando e, se aprofundando na meditação zen-budista. Suas meditações fazem com que ele não se firme em trabalho nenhum e cada vez mais perca a convívio em sociedade. A partir daí, vemos o embate de ambos, atrás de novas descobertas, e de si mesmos, cada um a seu jeito, até que o mais novo vai junto com a namorada a um templo budista, procurar um mestre para se aprofundar nos mistérios e das suas transcendências. Enquanto isso, o mais velho começa a se questionar, a se abrir a um “novo” amor. Logo depois vai atrás do irmão, no templo onde o outro se encontra. Vemos , às vezes até didaticamente, (o que pode ser chato para alguns), lições e filosofia budista, através do monge. A rotina de um templo budista, e a reação de cada um naquele lugar.

Interessante notar que depois de ter assistido o filme, fui ler sobre ele, e descobri que o próprio diretor é formado em filosofia, e também é monge budista. Fato interessante, pois mostra que na verdade, cada irmão do filme, acaba sendo uma metade do próprio diretor. A eterna luta entre a espiritualidade e racionalidade, aqui mostrada de modo muito pessoal pelo diretor, que faz aqui sua estréia num longa-metragem.

Assim como os budistas, que têm uma filosofia muito parecida com a doutrina espírita, acredito que somos grãos de areia, num universo imenso e cheio de mistérios “ainda” não conhecidos por nós, pobres mortais. O tempo é uma ilusão, e o homem nunca morre, apesar de morrer várias vezes. Este filme já é imenso pelo que trás de mensagem a quem estiver disposto a ver e ouvir, apesar de não trazer perguntas e muitas menos respostas, trás consigo o dom do questionamento da alma. Como diz o monge em um certo momento do filme: “A racionalidade e uma sala grande e arejada, em que parece que estamos confortáveis e que lá temos tudo o que precisamos”. Mas o que será que há depois da sala?

Mais uma vez, palmas para o cinema argentino, que está nos dando uma goleada no cinema.

2 comentários:

  1. oi!!
    acabei de assistir O BUDA agora no video em casa...
    e fui atrás de informações...caí aqui...
    estou muito emocionada com o filme, estou tocada... vc sabe como consigo falar com o diretor?

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