30 de agosto de 2006

Trair e Coçar é só Começar – Moacyr Góes

Realmente o cinema nacional este ano está inacreditável. Quando eu penso que não tem como piorar, lá vem outro abacaxi para a gente assistir. E pessoas como eu, que acredita e gosta demais do nosso cine tupiniquim, engole mais um sapo. Lembro de várias vezes discutir com imbecis que fazem careta quando indico uma de nossas produções, sempre me falam: “Filme nacional, ta louco, eca!”. Mas do jeito que a banda vai, estou fazendo coro com os descontentes.

Não sou contra filmes fáceis e ou comerciais, acho inclusive alguns como o último do Daniel Filho bem válido; leve e despretensioso. Leva o grande público a prestigiar novamente o cinema brasileiro como nos anos setenta, e uma coisa leva a outra. Melhor, quando além de popular o filme é ótimo, como o fenômeno “Dois Filhos de Francisco”, muito melhor. Inclusive, um amigo meu, morador de outra cidade, sabendo da minha paixão por cinema, principalmente os nacionais, que ele sempre criticou, me ligou para falar bem de “Dois Filhos” e comentou coisas tais como que a produção nacional tinha “evoluído”, e que iria assistir a outros filmes. Digo tudo isso, porque ele me ligou no domingo para falar deste novo filme-peça de Moacyr Góes. Simplesmente disse que o filme era constrangedor, e depois de perder meu tempo na noite de ontem, concordo plenamente com sua observação.

Em menos de um ano, tivemos três adaptações de peças de teatro de estrondosos sucessos para o cinema, e todas as adaptações são dignas de um mico-preto. Primeiro foi “A Máquina” de João Falcão, depois “Irma Vap” de Carla Carmuratti, e agora este inacreditável, de tão ruim “Trair e Coçar é Só Começar”.

A coisa começa terrível já nos créditos iniciais do filme. Senti-me constrangido de ver algo tão cafona e mal feito, inclusive os créditos finais conseguem ser piores. Um assombro.

Moacyr Góes já demonstrou não ter um mínimo de personalidade com os seus outros filmes. Parece-me ,que enquanto ele filma, está perdido, tentando encontrar a si mesmo, ao seu cinema, acompanhado de uma necessidade imbecil de ser popular, de seus filmes serem populares, mesmo que para isso ele não tenha um mínimo de toque pessoal nos filmes que dirige. São todos filmes de plástico. Se alguma coisa se salvava em “Dom”, neste seu último filme nada se salva. Os atores parecem que estão ali à toa, apenas para ganhar uns trocados.

Não conseguia enxergar Adriana Esteves como Olímpia, que assisti no teatro às gargalhadas, sendo personificada magistralmente por Denise Fraga, mas justiça seja feita, ela até que se segura bem no papel. O filme não naufraga por causa dela (e eu achava que seria este o caso), e sim pela preguiça generalizada de se fazer cinema por parte do diretor e seu roteiro para lá de tosco.

Um filme constrangedor, mais um exemplo de um ano terrível para o cinema nacional, depois de termos tido um 2005 tão bom. Enquanto isso na Argentina...

5 comentários:

  1. Deus me livre de assistir a esse filme!! Vade retro!

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  2. Eu deveria ter pensado assim como você Ailton. Mas a curiosidade foi maior. Mas é importante assistir filme ruim também, hehehe.

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  3. Não tive a coragem toda q vc teve Beto! rs

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  4. Do jeito que você é doido, Serge. Capaz de gostar, hehehe

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