“Tem alguma coisa errada aqui. Não sei o que é mais tem.”
Esta frase repetida por Cheyenne (Sean Penn) diversas vezes no filme, reflete
mais ou menos minha situação com o cinema (ou será com a vida?) de um modo
geral. Acompanho alguns filmes, leio as críticas, comentários de pessoas que admiro
e minha vontade é soprar ironicamente (como Cheyanne) a franja que não tenho. Ao
contrário dele, o tempo foi me roubando as madeixas adoradas, sobrando apenas
muita testa e tristeza.
Veja o caso do tal do Batman, que li não só em um lugar, que
era a trilogia fantástica do cinema, o maior filme do mundo, até chegaram a
comparar (Deus meu!) com a trilogia do Poderoso Chefão. Sopro a franja de novo.
Parece que estão trocando anabolizante, silicone e bunda grande por inteligência.
Boa essa, tirando Heath Ledger como "Coringa" (fantástico) no segundo filme, toda essa parafernália
chamada Batman me lembra de anabolizante. Será que estou entorpecido de
depressão ao simplesmente tédio com relação ao cinema de modo geral (ou a
vida?). Um risinho pequeno, igual de Cheyenne, é o que eu consigo exprimir em
meio à risadaria toda que há por aí. Será que não estou sentindo nada?
Mesmo este filme não
me tocou na hora, mas agora cresce na minha memória. Que bom. Confesso que
chorei, dentro do bar, vendo as meninas do vôlei receber a medalha. Que bom.
Queria chorar mais, muito mais, fazer cachoeira de lágrimas, mas apenas o
risinho de Cheyenne, no máximo. A vida é tão bela, tão forte, tão tediosa, tão
ingrata , tão... Não é nada disso, sou só eu andando pela estrada errada
novamente e sempre, procurando aquela ponta de partida, ou chegada onde me
encontrar, e o espelho refletindo apenas o passado cheio de coisa tão lindas
aguardadas para mim.Os amigos tentam me dar a mão, não consigo alcança-las. Como
diz Cheyanne para a neta do carrasco de seu pai: “A vida consiste em ter planos
para o futuro no inicio e viver apenas com o que temos depois”. Acho que era
assim. Bonito de assistir, singela narrativa. Como na cena em que ele conversa
com o mal-encarado tatuado e este fala sobre a coisa mais nobre da vida:
generosidade.
Várias cenas lindas e o personagem vivido por Sean Penn (baita
ator) nos conquistando pouco a pouco. Chega uma hora que nem seu visual causa
estranheza. Nada de anabolizantes, apenas a estranheza da vida sendo colocada à
mostra pelas estradas americanas. Esta
estrada me agradou bem mais do que a outra. Cheyenne acha que esta indo atrás
do nazista para terminar uma procura obsessiva do pai, mas está atrás é de si
mesmo. Atrás dos trinta anos que o separaram de sua essência, de seu pai, de
seu país. Quanta coisa poderia ter sido e não foi. Não há mais tempo, o tempo
já foi perdido. Quanta amargura mostrada apenas no olhar. Sorte de Cheyenne ter
Jane (Frances MaDormand), sua esposa que o espera na Irlanda, onde mora e vive
da renda de ações, depois de ser um astro de rock no passado. Percebemos que
Jane (bombeira) conseguiu apaziguar as chamas depressivas dele.
Mas que bom poder perceber as buscas necessárias, e se
tornar melhor com isso. Às vezes as coisas são tão simples, mas as complicamos
por demais. Um só caminho em meio a tantos. Quem nunca esteve perdido numa
encruzilhada da vida, e o pior e que às vezes aparecem não só uma, mas várias.
Sorte de Cheyenne ter encontrado Jane, pelo menos isso. Não encontrei minha
Jane. Acho que vou sair gritando feito o Tarzan, mas sou apenas o Beto. E lá me
vou, escutar mais um daqueles rocks depressivos dos anos oitenta. Onde estão
meus tamborins?
Teu texto foi bem interessante, Beto. Concordo qd vc diz sobre esses exageros sobre o filme do Nolan. As pessoas estão perdendo as sutilezas. Grande Abraço.
ResponderExcluirValeu, Celo.Gosto da beleza e complexidade das coisas simples e acho que todo o aparato tecnologico que existe, esta afastando em vez de juntar as pessoas.
Excluire que tal a chita, Tarzan? Chiquita Bacana, lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica. Não usa vestido, não usa calção. Inverno pra ela é pleno verão. Existencialista, com toda razão, só faz o que manda o seu coração. beijos, Pet.
ResponderExcluirViva Chiquita Bacana! Viva o Pet!
Excluir