15 de agosto de 2012

Este é o Meu Lugar – Paolo Sorrentino




“Tem alguma coisa errada aqui. Não sei o que é mais tem.” Esta frase repetida por Cheyenne (Sean Penn) diversas vezes no filme, reflete mais ou menos minha situação com o cinema (ou será com a vida?) de um modo geral. Acompanho alguns filmes, leio as críticas, comentários de pessoas que admiro e minha vontade é soprar ironicamente (como Cheyanne) a franja que não tenho. Ao contrário dele, o tempo foi me roubando as madeixas adoradas, sobrando apenas muita testa e tristeza.
Veja o caso do tal do Batman, que li não só em um lugar, que era a trilogia fantástica do cinema, o maior filme do mundo, até chegaram a comparar (Deus meu!) com a trilogia do  Poderoso Chefão. Sopro a franja de novo. Parece que estão trocando anabolizante, silicone e bunda grande por inteligência. Boa essa, tirando Heath Ledger como "Coringa" (fantástico) no segundo filme, toda essa parafernália chamada Batman me lembra de anabolizante. Será que estou entorpecido de depressão ao simplesmente tédio com relação ao cinema de modo geral (ou a vida?). Um risinho pequeno, igual de Cheyenne, é o que eu consigo exprimir em meio à risadaria toda que há por aí. Será que não estou sentindo nada?
 Mesmo este filme não me tocou na hora, mas agora cresce na minha memória. Que bom. Confesso que chorei, dentro do bar, vendo as meninas do vôlei receber a medalha. Que bom. Queria chorar mais, muito mais, fazer cachoeira de lágrimas, mas apenas o risinho de Cheyenne, no máximo. A vida é tão bela, tão forte, tão tediosa, tão ingrata , tão... Não é nada disso, sou só eu andando pela estrada errada novamente e sempre, procurando aquela ponta de partida, ou chegada onde me encontrar, e o espelho refletindo apenas o passado cheio de coisa tão lindas aguardadas para mim.Os amigos tentam me dar a mão, não consigo alcança-las. Como diz Cheyanne para a neta do carrasco de seu pai: “A vida consiste em ter planos para o futuro no inicio e viver apenas com o que temos depois”. Acho que era assim. Bonito de assistir, singela narrativa. Como na cena em que ele conversa com o mal-encarado tatuado e este fala sobre a coisa mais nobre da vida: generosidade.
Várias cenas lindas e o personagem vivido por Sean Penn (baita ator) nos conquistando pouco a pouco. Chega uma hora que nem seu visual causa estranheza. Nada de anabolizantes, apenas a estranheza da vida sendo colocada à mostra pelas estradas americanas.  Esta estrada me agradou bem mais do que a outra. Cheyenne acha que esta indo atrás do nazista para terminar uma procura obsessiva do pai, mas está atrás é de si mesmo. Atrás dos trinta anos que o separaram de sua essência, de seu pai, de seu país. Quanta coisa poderia ter sido e não foi. Não há mais tempo, o tempo já foi perdido. Quanta amargura mostrada apenas no olhar. Sorte de Cheyenne ter Jane (Frances MaDormand), sua esposa que o espera na Irlanda, onde mora e vive da renda de ações, depois de ser um astro de rock no passado. Percebemos que Jane (bombeira) conseguiu apaziguar as chamas depressivas dele.
Mas que bom poder perceber as buscas necessárias, e se tornar melhor com isso. Às vezes as coisas são tão simples, mas as complicamos por demais. Um só caminho em meio a tantos. Quem nunca esteve perdido numa encruzilhada da vida, e o pior e que às vezes aparecem não só uma, mas várias. Sorte de Cheyenne ter encontrado Jane, pelo menos isso. Não encontrei minha Jane. Acho que vou sair gritando feito o Tarzan, mas sou apenas o Beto. E lá me vou, escutar mais um daqueles rocks depressivos dos anos oitenta. Onde estão meus tamborins?

4 comentários:

  1. Teu texto foi bem interessante, Beto. Concordo qd vc diz sobre esses exageros sobre o filme do Nolan. As pessoas estão perdendo as sutilezas. Grande Abraço.

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    1. Valeu, Celo.Gosto da beleza e complexidade das coisas simples e acho que todo o aparato tecnologico que existe, esta afastando em vez de juntar as pessoas.

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  2. e que tal a chita, Tarzan? Chiquita Bacana, lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica. Não usa vestido, não usa calção. Inverno pra ela é pleno verão. Existencialista, com toda razão, só faz o que manda o seu coração. beijos, Pet.

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