Em um determinado momento do filme, um crítico de cinema (ops!) muito antipático, diz ao zelador do prédio vivido por Paul Giamatti, que originalidade no cinema já não existe mais, que tudo se copia. Talvez esta seja a forma de Shyamalan, ironicamente, criticar os próprios críticos, e outros que não entendem ou aceitam sua obra. Afinal de contas, quem além dele, no imenso mundo do cinema americano , consegue escrever roteiros originais e de sucesso, na última década? Qual cineasta que em tão pouco tempo, deu tanto lucro para um estúdio como ele fez, aliado a histórias bem recebidas pela crítica e pelo público? Gosta-se ou não dele, Shyamalan consegue escrever seus próprios roteiros e filmá-los com muito requinte e precisão.
O cinema americano passa por uma crise criativa já há algum tempo, geralmente seus filmes de maior sucesso são adaptações literárias, ou de quadrinhos, vide super-heróis. O melhor exemplo disto, é de que, as séries televisivas, antes marginais, e para artistas em declínio ou segundo escalão; estão no topo,vide séries como Lost, 24 Horas ou House, só para citar alguns exemplos.
Como um filme como este pode ter sido um fracasso em sua própria terra natal? Fazendo com que, inclusive, Shyamalan rompesse seu contrato com o estúdio que até então, estava lhe dando carta branca para fazer o que quisesse.
Definitivamente, a culpa é dos próprios americanos, e não de Shyamalan, autor e diretor tão criativo, que não entrega sua obra tão mastigada e fácil, como todos queriam. Não, ele quis fazer um filme inteligente e honesto, principalmente consigo mesmo, e pagou seu preço. Com o tempo veremos quem tinha razão. E nem precisa ser tão inteligente para isso. Seu segundo filme, “Corpo Fechado”, não empolgou tanto a crítica, nem o público na época de lançamento. Pouco tempo depois, ou seja, hoje em dia. Muitos dizem ser seu melhor filme. Não lembro qual cineasta consagrado, inclusive, fez uma declaração de que este é o melhor filme sobre racismo já feito.
Acredito que o tempo também fará justiça à “A Dama da Água”, talvez as pessoas não estivessem preparadas para assistir a um filme tão original. Eu mesmo, acredito que o filme ficará melhor quando eu revê-lo, assim como aconteceu com “Corpo Fechado” e a sua obra-prima “A Vila”. Poucos cineastas têm o privilégio de ter uma obra que em revisão, cresce tanto e se mostra melhor e mais consistente. Shyamalan com seu último filme, mostra que seu nome facilmente estará junto ao de seus ídolos, como Steven Spielberg ou o mestre Hichcock. Ele tem muito pano para manga.
Muito li a respeito deste filme, e as pessoas que conheço, que assistiram ao filme (com exceção dos blogs) não gostaram... Por enquanto. Talvez porque não entenderam, ou melhor, não entraram no clima do filme. Uma fábula adulta, espécie de história infantil para adultos. Em tempos tão difíceis e maldosos, realmente é difícil se deixar envolver pela pureza dessa linda história mágica. Deixar solta a criança que existe dentro de nós, deixá-la se emocionar com uma história que tenta e consegue resgatar o lado bom e caridoso das pessoas, sem com isso, parecer babaquice ou coisa parecida. Uma pena, pois se deixando envolver por esta fábula, não há quem não chore uma ou duas vezes durante o filme. Um choro de emoção, por ver e ter contato com o lado bom e companheiro de outros seres-humanos, por ter contato com as verdadeiras riquezas que temos, nosso caráter e a capacidade de ajudar ao próximo, sabendo que com isso, ajudamos a nós mesmos. E como é linda a forma com que o diretor passa isso para nós, sem um segundo sequer apelar para o melodrama. Não consegui parar de chorar, quando o personagem de Giamatti finalmente colocou para fora suas dores remotas. Um show de interpretação e direção.
Não comento sobre a história e seus personagens, já que muito se falou sobre o filme. Só procuro tentar entender através dessas mal escritas linhas, como pode um filme tão rico, belo e sensível, passar desapercebido nos cinemas do mundo. Como se não fosse um verdadeiro presente para nós, homens adulto e calejado, essa oportunidade de adentrar numa história tão bonita, que tenta resgatar o que a de mais belo em nós. Shyamalan presenteia a todos nós com este filme. Eu agradeço.
despercebido? beto, vc esteve hibernando?
ResponderExcluirTalvez esta não seja a palavra correta. Mas o que eu quis dizer é que um filme deste, merecia um público maior. Nos EUA ele só fez quarenta milhóes na bilheteria, custou oitenta.Não é pouco? Em SP, ele estreiou a pouco tempo, e só está passando nos cines perifericos.
ResponderExcluirUma pena a má recepção ao filme, uma pena! Porque esse filme é uma doçura!
ResponderExcluirUm dos problemas é que o filme foi vendido de maneira errada. O trailer dá a entender que é um suspense, quando na verdade trata-se de uma fábula. Daí, é óbvio, nego sai do cinema irritado por esperar algo totalmente diferente.
Quando recomendei o filme a minha irmã, ela disse que não iria porque sentiu medo quando viu o trailer!
Beijo.
É verdade, Alê.Foi mal vendido, esquisito, um negócio que envolve tanto dinheiro. Ninguém percebeu esta gafe.
ResponderExcluirvocê é corajosa de ficar no ponto de ônibus a meia-noite conversando com japonesas, hein? Toma cuidado, hehehe.
Quem mora na ZL tem que ter coragem. ;)
ResponderExcluirBeijo.
Eu morava antes na Vila Madalena, agora estou na Penha (quanta diferença).Depois da meia-noite, o negócio lá é barra pesada, alias. acho que em qualquer lugar, né.
ResponderExcluirÉ realmente lamentável a má recepção dada ao filme. É um dos melhores de Shyamalan, para mim só perde para 'O Sexto Sentido'. Um belo filme que deveria ter tido um público bem maior.
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