Foi preciso uma segunda sessão do filme de Tata Amaral para algumas coisas ficarem claras para mim.Algumas impressões mudaram, outras permaneceram, mas no final das contas, o resultado foi positivo.
O grande mérito de Antonia é fugir dos estereótipos que sempre cercam filmes nacionais que falam das baixas rendas. Esse é o grande mérito. O defeito foi seu final abrupto, e a pouca explicação sobre cada uma das personagens principais. O filme merecia um tempo maior, me pareceu tudo muito apressado, e isso atrapalhou muito seu andamento.
Suas meninas sonham com um futuro melhor através da música, mas a realidade da força da grana que ergue e destrói coisas belas (com a licença de Caetano), afundam seus sonhos a cada dia. O cotidiano duro daquelas mulheres guerreiras sempre é posto a prova, seja pela maternidade, pelo preconceito ou outras dificuldades de quem tem pouco, ou quase nada, seja materialmente ou emocionalmente.
Duas cenas me chamam muita atenção, ambas protagonizadas por Preta (Negra Lee). Numa delas, depois de passar a noite no hospital por ver seu amigo ser linchado por preconceito, Preta procura o refúgio dos pais. Encontra a mãe na sala, a cantar cantos evangélicos, e logo após, encontra o pai nos fundos da casa, a descascar uma laranja. Ela não encontra o tão esperado abrigo. Fica em silencio, sem forças nem para falar o que lhe aconteceu. É a incomunicabilidade tão alardeada em tantos outros filmes, que encontra exemplos nos morros da Brasilândia (bairro periférico da zona norte em SP). A outra cena, é quando Preta caminha sozinha para casa, na mão um cachorro-quente, depois de ter cantado a noite inteira música sertaneja, num bar à cata de alguns trocados. Sua esperança se esvai, pois neste momento ela está só, o grupo havia se desmanchado. Seu caminhar é doído e quase derrotado, como daquelas pessoas que lutam muito para ver seus sonhos vivos, mas só encontra desilusão, ao fundo o morro feio (e lindo) da Brasilândia.
Outro mérito do filme, é se utilizar de atores que não são profissionais e sim que entendem e já vivenciaram toda aquela situação, sendo Negra Lee, inclusive, moradora do próprio bairro em que a história se passa. Mas são Thaíde e Leilah Moreno que roubam a cena.
É impressionante, como nesses bairros pobres, a construção das casas evoca este tipo de coisa, ou seja, a eterna construção de uma vida melhor.Como as pessoas que ali habitam, que lutam por uma vida mais digna em ambiente tão hostil e difícil. Suas casas sempre estão por fazer, sem acabamento. Assim como suas casas, as pessoas sentem suas vidas sempre em construção, sem o fino acabamento que toda casa merece, só que com elas a falta é de estrutura, saúde e educação de base.
Antonia não é bonitinho, nem fácil de se assistir, trata a periferia sem maquiagem, mas também (e ainda bem) sem pena. Não está fazendo o sucesso que todos achavam que iria fazer, e por incrível que pareça, este sucesso não foi alcançado justamente pelas qualidades que o filme tem de não se entregar ao melodrama fácil, e sim mostrar uma realidade dura e que passa longe dos shoppings e das pessoas que costumam freqüentar seus cinemas. É um filme que futuramente vai ser mais bem compreendido. Tata Amaral não chega a mostrar a força dura e seca de seu primeiro filme, a obra-prima “Um Céu de Estrelas”, que se passa nos escombros das antigas fábricas do bairro da Mooca. Mas é extremamente honesta e amorosa com seu filme e com suas Antonias. A diretora, assim como suas personagens acreditam num futuro melhor, apesar de toda a maré da vida estar contra. Torçamos por elas.
O grande mérito de Antonia é fugir dos estereótipos que sempre cercam filmes nacionais que falam das baixas rendas. Esse é o grande mérito. O defeito foi seu final abrupto, e a pouca explicação sobre cada uma das personagens principais. O filme merecia um tempo maior, me pareceu tudo muito apressado, e isso atrapalhou muito seu andamento.
Suas meninas sonham com um futuro melhor através da música, mas a realidade da força da grana que ergue e destrói coisas belas (com a licença de Caetano), afundam seus sonhos a cada dia. O cotidiano duro daquelas mulheres guerreiras sempre é posto a prova, seja pela maternidade, pelo preconceito ou outras dificuldades de quem tem pouco, ou quase nada, seja materialmente ou emocionalmente.
Duas cenas me chamam muita atenção, ambas protagonizadas por Preta (Negra Lee). Numa delas, depois de passar a noite no hospital por ver seu amigo ser linchado por preconceito, Preta procura o refúgio dos pais. Encontra a mãe na sala, a cantar cantos evangélicos, e logo após, encontra o pai nos fundos da casa, a descascar uma laranja. Ela não encontra o tão esperado abrigo. Fica em silencio, sem forças nem para falar o que lhe aconteceu. É a incomunicabilidade tão alardeada em tantos outros filmes, que encontra exemplos nos morros da Brasilândia (bairro periférico da zona norte em SP). A outra cena, é quando Preta caminha sozinha para casa, na mão um cachorro-quente, depois de ter cantado a noite inteira música sertaneja, num bar à cata de alguns trocados. Sua esperança se esvai, pois neste momento ela está só, o grupo havia se desmanchado. Seu caminhar é doído e quase derrotado, como daquelas pessoas que lutam muito para ver seus sonhos vivos, mas só encontra desilusão, ao fundo o morro feio (e lindo) da Brasilândia.
Outro mérito do filme, é se utilizar de atores que não são profissionais e sim que entendem e já vivenciaram toda aquela situação, sendo Negra Lee, inclusive, moradora do próprio bairro em que a história se passa. Mas são Thaíde e Leilah Moreno que roubam a cena.
É impressionante, como nesses bairros pobres, a construção das casas evoca este tipo de coisa, ou seja, a eterna construção de uma vida melhor.Como as pessoas que ali habitam, que lutam por uma vida mais digna em ambiente tão hostil e difícil. Suas casas sempre estão por fazer, sem acabamento. Assim como suas casas, as pessoas sentem suas vidas sempre em construção, sem o fino acabamento que toda casa merece, só que com elas a falta é de estrutura, saúde e educação de base.
Antonia não é bonitinho, nem fácil de se assistir, trata a periferia sem maquiagem, mas também (e ainda bem) sem pena. Não está fazendo o sucesso que todos achavam que iria fazer, e por incrível que pareça, este sucesso não foi alcançado justamente pelas qualidades que o filme tem de não se entregar ao melodrama fácil, e sim mostrar uma realidade dura e que passa longe dos shoppings e das pessoas que costumam freqüentar seus cinemas. É um filme que futuramente vai ser mais bem compreendido. Tata Amaral não chega a mostrar a força dura e seca de seu primeiro filme, a obra-prima “Um Céu de Estrelas”, que se passa nos escombros das antigas fábricas do bairro da Mooca. Mas é extremamente honesta e amorosa com seu filme e com suas Antonias. A diretora, assim como suas personagens acreditam num futuro melhor, apesar de toda a maré da vida estar contra. Torçamos por elas.
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