É fácil não gostar dos filmes de Mel Gibson. Com exceção do seu primeiro filme, que transborda sensibilidade, todos os outros usam e abusam da violência para mostrarem a que vieram. Logo no seu segundo filme, arrebatou vários Oscar, incluindo o de melhor diretor e ganhou carta branca para fazer o que quisesse. E ele não se fez de rogado, mandou ver no seu “A Paixão de Cristo”, com uma violência incomum, mostrando a todos não só as sete chagas de Cristo, mas todos os seus ferimentos, um por um, no seu calvário até a morte na cruz .Muitos acharam aquilo um verdadeiro exagero, de profundo mal gosto, mas mesmo assim o filme foi um enorme sucesso no mundo inteiro.
No ano passado, ficou mais fácil ainda não gostar do australiano, em meio a uma bebedeira, soltou o verbo e sem freios na língua, falou mal de todo mundo e jogou o seu lado politicamente correto (será que ele alguma vez o teve?) pro ralo. Enquanto outros astros e estrelas não falam uma palavra sem seus assessores aprovarem, Gibson não está nem aí. Ele é conservador demais, e de sua língua não escapam judeus e homossexuais. Mas não são estes “os caras” que comandam Hollywood? Não sei... Só sei que gosto (apesar de não concordar) de seus arroubos etílicos, e principalmente de suas idéias como diretor. Talvez eu seja um dos poucos que gostou de “A Paixão de Cristo”. Na verdade eu gostei muito. Parece-me que Gibson usou seu fervoroso cristianismo para, através do exagero, mostrar a todos nós como somos idiotas. O homem é o próprio lobo do homem. Em cada chaga aberta no corpo de seu Cristo, Gibson parece gritar com sua barriga grande, ao lado de uma garrafa de qualquer bebida forte: “Olha, como somos imbecis. Torturamos e matamos quem veio nos ensinar a amar. Olha como somos imbecis!” E logo depois, caí ao chão bêbado.
Agora ele veio com outra estória absurda, numa língua mais absurda ainda. Em Apocalypto, tenta nos mostrar um pouco sobre a vida dos Maias. Um povo com um senso de arquitetura e construção, avançadíssimos, para sua época. Que desapareceram depois de muitas brigas entre si, em busca de prosperidade, e a custa de muitos sacrifícios humanos,juntamente com a chegada das caravelas pelo mar. Não por acaso, ao avistar uma dessas caravelas, um dos Maias se impressiona com as cruzes que estão logo à frente das embarcações. Ironia de Gibson. Que se no filme anterior louvava o cristianismo, neste seu último filme, mostra claramente, que em nome deste mesmo cristianismo, os brancos foram pouco a pouco acabando com as outras culturas que foram encontrando pela frente. Tudo em nome de Cristo. Esta última cena (desculpe quem ainda não viu), é belíssima, pois com a chegada de “almas tão boas”, percebemos que tudo aquilo a que Jaguar Paw (sua família e suas terras onde sempre caçou) lutou logo morreram.
O homem é o próprio lobo do homem, parece que Gibson quer nos fazer enxergar, que o homem nada mais faz desde tempos idos, que destruir a si mesmo e ao seu próximo. Mesmo com suas boas intenções, seja do homem em si, seja de Gibson, o que resta sempre é a desilusão, e Gibson acha que a única saída é sempre a família. Único porto seguro para um homem evoluir. Certo ou errado, ele pelo menos põe a cara à tapa. Que venham mais erros e acertos de Mel Gibson.
Não gosto muito da direção de Gibson, falta muito nele ainda para se tornar um grande cineasta, mas não nego que gosto das ídeias por traz de seus filmes. E gosto dele como ator, mesmo sendo por vezes canastrão. Alguém tem que falar umas bobagens de vez em quando, para sairmos do marasmo do politicamente correto, que toma de assalto todos os bens comportados por aí. Um porre e umas palavras imbecis de vez em quando não fazem mal a ninguém.
Mesmo que Mel Gibson fizesse filmes politicamente corretos ainda sim ele seria criticado (sempre tem gente hipócrita no mundo para falar mal da vida e do trabalho alheio). Nessas horas ele lembro do caso do diretor Mike Nichols, queridinho dos cíticos norte-americanos que, quando dirigiu A Primeira Noite de um Homem, foi extensamente esculhambado por esses mesmos críticos por mostrar o relacionamento entre uma mulher madura, mais velha e um rapaz universitário (interpretado pr Dustin Hoffman). Por isso eu sempre digo: críticas nunca são positivas. Se fossem, não teriam esse nome. Nós temos é de aprender a conviver com elas.
ResponderExcluir(http://claque-te.blogspot.com): Vôo United 93, de Paul Greengrass.
Fui ao cinema cheia de medo, achando que o filme seria uma bomba.
ResponderExcluirSaí hipnotizada. O filme me prendeu do começo ao fim e nem os exageros e absurdos conseguiram me fazer desgostar do filme.
Beijo.