5 de setembro de 2006

Vôo 93 – Paul Greengrass


Este filme realmente me surpreendeu. A principio, não tinha interesse em assisti-lo, mas por uma série de fatores como horários e outras salas lotadas (eu queria mesmo era ver “A Dama da Água”), acabei acidentalmente assistindo ao filme. Minha falta de interesse é gerada por um fato, que olhando mais ao fundo, é errado de minha parte, bem sei. Essa coisa que tenho e alimento dentro de mim, que é meu antiamericanismo, às vezes me faz não enxergar as coisas com a clareza devida. Várias vezes descuti com amigos a respeito de 11 de setembro, e sempre eu achava tudo muito exagerado. Nas minhas discussões sempre quis ressaltar que a omissão do maior (na riqueza e potência) país do mundo, aos países de terceiro mundo, assim como as outras guerras civis, que acontecem pelo resto do mundo, principalmente no Oriente-Médio e África, são, ao meu ver, muito mais importante, e não ganham nem um décimo da importância que há em cima do ataque aos EUA.Sei, sei, burrice minha... No meu íntimo sei disso.Mais do que o número de vítimas inocentes que houve no ataque terrorista às Torres Gêmeas, o que isso tudo traz de simbólico e importante, o ataque ao maior símbolo capitalista do mundo, no mínimo, é o fator que faz o mundo se dividir entre antes e depois do ataque.Estou falando isso tudo, inclusive das minhas ignorâncias, para poder mostrar o porque gostei tanto do filme (que achei obviamente que não iria gostar).

Greengrass acertou em cheio com este semidocumentário (ou seria ficção realista). Baseado em estudos e teses não comprovadas sobre o que aconteceu com o único avião que não atingiu seu alvo no fatídico dia 11 de setembro, o filme em nenhum momento apela para a dor, e o horror das vítimas e seus familiares. O diretor tenta apenas passar o que os estudos acham que aconteceu naquele vôo, tanto dentro do avião quanto dentro dos aeroportos com seus controladores de vôos, que apalermados se viram perdidos diante de situação tão adversa. O que salta aos olhos é a quantidade de gente em terra: controladores de vôos, comissários, políticos, militares e aparelhagem de última tecnologia. Tudo e todos a serviço de uma situação inesperada, onde ninguém sabia o que fazer. Umas das cenas mais chocantes é vermos os controladores assistirem de suas cabines, o segundo avião colidir nas Torres Gêmeas. Enquanto eles discutiam e se debatiam, os acontecimentos iam rapidamente acontecendo, e a ficha não caia neles. O interessante é ver militares e controladores serem interpretados no filme pelos próprios homens que estavam lá, como vemos nos letreiros finais.

Buscando ser o mais realista possível, com uma câmera na mão, o filme nos choca, e nos leva para dentro do drama. Não tem como não se emocionar com os passageiros, que diante da morte certa, falam no celular com os familiares na terra se despedindo. Todos foram heróis, diante de tal situação.Outra decisão acertada foi não utilizar atores famosos, deixando o foco do filme todo em cima dos acontecimentos incríveis do dia.

Greengrass trata com carinho e respeito às vítimas do acidente, como se não bastasse o mérito de ser o primeiro a tratar de assunto tão doido, ele vai direto na ferida. E principalmente, trata com respeito o público. Grande feito. Prova disso, é que um casal sentou ao meu lado na sessão, quando a mesma terminou o senhor que ali estava, se encontrou na cadeira da frente , e com a cabeça abaixada entre os braços, começou a chorar compulsivamente. Situação esquisita, pois queria sair e não podia enquanto sua esposa tentava consolá-lo, então percebi que eles eram americanos, que de certo, moram no Brasil. Aquilo para mim foi mais tocante do que o próprio filme.

9 comentários:

  1. Até estou com vontade de ver, mas tem tantos outros filmes q me interessam mais...

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  2. Michael,
    Esse é um problema que me vejo enfrentando todas as semanas. Quanto mais filmes estréiam, mais eu fico correndo atrás dos filmes e da falta de tempo para assistir tudo que quero.Acho que vale a pena.Sempre acaba escapando algum, por exemplo, acabei perdendo recentemente o brasileiro "Anjos do Sol"

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  3. Tb já desisti do Anjos do Sol, e estou quase perdendo A Pequena Jerusalem!!!

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  4. Pequena Jerusalem, acho que ainda vai dar para assistir, pois está passando no Gemini da Paulista. Anjos do Sol só esta passando em fim de mundo, já considero perdido. Acabei perdendo Herencia, que você tão bem comentou no seu blog. Não tem jeito, só se eu não trabalhasse para conseguir assistir tudo que gostaria.E as vezes, saiu tão cansado do serviço, como ontem, que deixo para outra ocasião e disposição, filmes importantes como " O Sabor da Melancia" e "A Dama da Agua".Talvez, porque esteja contando com o feriado, amanhã é dia de botar uns dois filminhos em dia (apesar do frio medonho), hehehe.

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  5. Consegui ver Pequena Jerusalem no Gemini, ufa, vale a pena viu!!!

    Eu tb não dou conta de tudo, vi vários no fds e ainda assim não consegui conferir Estamira, Cafuné, etc... hehehe

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  6. Putz, Michael. Falta ver tanta coisa... Estamira, Cafuné, Obrigado por Fumar, Melancia, Pequena Jerusalem, etc. Tive um final de semana agitado, nem deu tempo de ver tudo que eu queria, pena...Mas em compensação vi o novo do Caca Diegues, que é ótimo!

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  7. Putz, Michael. Falta ver tanta coisa... Estamira, Cafuné, Obrigado por Fumar, Melancia, Pequena Jerusalem, etc. Tive um final de semana agitado, nem deu tempo de ver tudo que eu queria, pena...Mas em compensação vi o novo do Caca Diegues, que é ótimo!

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  8. Cara não gostei muito desse filme, achei q eles utilizaram os cnetros de comando em demasia.

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  9. Simplesmente o filme mais chocante da temporada. Achei fantástico o estilo documental adotado pelo dirtor para jogar os espectadores para dentro do vôo. Sem apelar para os truquezinhos baratos de hollywood para emocionar, Vôo United 93 choca e emociona pelo realismo conquistado através de um talentoso diretor, um roteiro bem construído e belas interpretações. O fato de não haver nenhum grande astro no elenco também ajuda. Enfim, um dos melhores do ano!

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