21 de agosto de 2007

Primo Basílio – Daniel Filho


Quem acompanha meu blog deve ter percebido o quanto gosto de filmes nacionais. Minha paixão por cinema, começou pelos nacionais, ao contrário da maioria. Geralmente o meu filme predileto do ano é nacional, este ano por exemplo, o trono é de Cão Sem Dono (por enquanto). Torço pelo cine nacional. Talvez por isso os filmes de Daniel Filho (e também de Moacyr Góes) me incomodem tanto. Parecem sub produtos sem identidade, a procura de um público perdido. Se fosse compara-los à música, diria que cada vez ele atira para um lado: Zezé de Camargo com pitadas de Caetano, em outro Calipso com Marisa Monte, e por aí vai. Não tenta criar sua própria música. Quer o povão no cinema, com suas maquiagens de novelas globais.
Este deve ser seu quarto longa-metragem, e novamente , saí do cinema decepcionado. Não parece uma adaptação do grande escritor Eça de Queiroz, gênio do realismo português, e sim, uma adaptação de alguma crônica medíocre esquecida na gaveta de Nelson Rodrigues com pitadas de romance espírita de Zibia Gasparetto.
Não dá nem para comparar com a minissérie exibida na Rede Globo, que já não foi tão boa. A canalhice elegante de Marcos Paulo não tem comparação com Fábio Assumpção, e Tony Ramos com Gianecchini... Tenha dó. E ainda por cima, Daniel Filho, esqueceu do personagem mais interessante do livro: O Conselheiro Acácio. O que se salva é Sabrina Spoladore com sua Leonor “Maçaneta”.

Aposto que qualquer mulher que assista ao filme, deve dar razão à mocinha vivida por Débora Falabella (tão sem graça e sem sal, que todo mundo torce pela empregada vivida por Glória Pires), entre o primo e o marido, fique com os dois. Daí, perde-se o prumo de uma história com fortes críticas sociais e morais. Parece uma novela das seis, com umas pitadas de sexo. Afinal a mulherada quer ver a bundinha do Fábio Assumpção.

Gosto muito do trabalho de ator e diretor de novelas, feito por Daniel Filho, ele devia esquecer as facilidades que tem para fazer filmes, e se concentrar no que lhe deu tanto prestigio anteriormente.

Ontem, Jorge Furtado deu uma entrevista no Roda Vida da TV Cultura e muito lhe foi perguntado por utilizar atores globais. Só que ai é que esta a diferença entre os dois diretores. Jorge Furtado consegue desvencilhar seus atores das telenovelas, já Daniel Filho usa este fator ao seu favor. Faz muita bilheteria, talvez ganhe muito dinheiro, mas é só. Talvez salve o ano com a boa bilheteria do filme, já que os outros nacionais não conseguem, mas não serve nem de longe como exemplo de cinema brasileiro, pois não tem uma forma.

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