“Preciso tomar conta desta menina, senão o diabo toma conta”, diz Heitor (Fernando Teixeira) o avô (na verdade pai) moralista e hipócrita, de Auxiliadora (Maria Teixeira), menina quieta e sonhadora, que vive uma vida de horror, principalmente à noite, quando o avô a leva para o posto para que alguns caminhoneiros a vejam nua, por troca de alguns trocados. Esta já é a primeira cena do filme. Vemos aquela menina nua, cercada por homens brutos, que devoram sua pureza e nudez com o olhar. Já percebemos de cara que aquilo não vai terminar em boa coisa.
Não longe dali, alguns agro-boys se entopem de drogas e bebidas numa bacanal no puteiro da cidade. Filhos dos donos de engenho da região, como Cícero (Caio Blat, excelente mais uma vez). Só fazem se drogar e violentar o máximo de mulheres que conseguem. São bestas-feras que levam a vida no ócio e no limite da degradação humana, a maior diversão deles é espancar as mulheres. São liderados por Everardo (Matheus Nachtergaele), sendo que ele é o mais louco de todos, e sempre se encontram num cinema abandonado de um dos pais deles. Certa hora Everardo diz: “A pobreza e a miséria, é que vão socializar o mundo” e olhando para a câmera diz: “O bom do cinema é que nele pode-se fazer tudo”. E neste cinema, que seria um local para propagar a cultura e a sétima arte, é usado por eles, para levar as putas e se drogarem. Seria este cinema estragado, uma alusão do que Assis acha do mundo? Muito provavelmente. Cláudio Assis choca o espectador desatento, que vai ao cinema para se divertir. O que ele quer é mostrar as feridas do mundo, ou melhor, as realidades que estão por aí, mas que todos se negam a enxergar. Em recente entrevista, declarou que todas as situações que ocorrem no filme, são derivadas de experiências que ele vivenciou ou sabe que já acorreram.
As frases de Everardo são mais que reveladoras para decifrar o cinema de Cláudio Assis, que neste seu segundo longa-metragem não poupa os olhos dos espectadores, para mostrar a degradação humana. Seu primeiro e irregular filme (acho que preciso revê-lo) , mostrava a periferia de Recife e seus tipos mais que bizarros. Já neste seu segundo longa, ele mantém o mesmo foco narrativo, só que o transfere para a Zona da Mata em Pernambuco. Região em decadência financeira e principalmente moral, onde todos vivem basicamente em função da cana-de-açúcar. Mas mesmo querendo chocar, Assis mostra um grande talento na direção de seu filme, seus planos são longos e sua direção precisa, principalmente a direção de atores, alem do auxilio luxuoso de Walter Carvalho na fotografia.
Assim como a cana-de-acuçar, que vai maltratando e matando a terra fértil. Os homens, naquela região mostrada, vão aos poucos se matando moralmente, numa terra sem lei, onde a mulher faz ora o papel de simples objeto sexual descartável, como as meninas do prostíbulo, ora como posse, como quando Heitor grita à todos que sua neta lhe pertence. Os homens são cruéis e as mulheres oprimidas naquela terra sem lei.Pode parecer gratuito, mas a toda hora nos é mostrada a nudez tanto dos rapazes, como das moças.Mola mestra de um local sem perspectiva, o sexo desenfreado e a cachaça comandam a vida daquela gente. O pouco de beleza que se tenta mostrar no filme, resulta na mostra da cultura carnavalesca local, com seu colorido pobre e melancólico.
Um cineasta raro e abusado, que ainda tem muito para mostrar sobre a sordidez humana de um Brasil sujo e feio.
Não longe dali, alguns agro-boys se entopem de drogas e bebidas numa bacanal no puteiro da cidade. Filhos dos donos de engenho da região, como Cícero (Caio Blat, excelente mais uma vez). Só fazem se drogar e violentar o máximo de mulheres que conseguem. São bestas-feras que levam a vida no ócio e no limite da degradação humana, a maior diversão deles é espancar as mulheres. São liderados por Everardo (Matheus Nachtergaele), sendo que ele é o mais louco de todos, e sempre se encontram num cinema abandonado de um dos pais deles. Certa hora Everardo diz: “A pobreza e a miséria, é que vão socializar o mundo” e olhando para a câmera diz: “O bom do cinema é que nele pode-se fazer tudo”. E neste cinema, que seria um local para propagar a cultura e a sétima arte, é usado por eles, para levar as putas e se drogarem. Seria este cinema estragado, uma alusão do que Assis acha do mundo? Muito provavelmente. Cláudio Assis choca o espectador desatento, que vai ao cinema para se divertir. O que ele quer é mostrar as feridas do mundo, ou melhor, as realidades que estão por aí, mas que todos se negam a enxergar. Em recente entrevista, declarou que todas as situações que ocorrem no filme, são derivadas de experiências que ele vivenciou ou sabe que já acorreram.
As frases de Everardo são mais que reveladoras para decifrar o cinema de Cláudio Assis, que neste seu segundo longa-metragem não poupa os olhos dos espectadores, para mostrar a degradação humana. Seu primeiro e irregular filme (acho que preciso revê-lo) , mostrava a periferia de Recife e seus tipos mais que bizarros. Já neste seu segundo longa, ele mantém o mesmo foco narrativo, só que o transfere para a Zona da Mata em Pernambuco. Região em decadência financeira e principalmente moral, onde todos vivem basicamente em função da cana-de-açúcar. Mas mesmo querendo chocar, Assis mostra um grande talento na direção de seu filme, seus planos são longos e sua direção precisa, principalmente a direção de atores, alem do auxilio luxuoso de Walter Carvalho na fotografia.
Assim como a cana-de-acuçar, que vai maltratando e matando a terra fértil. Os homens, naquela região mostrada, vão aos poucos se matando moralmente, numa terra sem lei, onde a mulher faz ora o papel de simples objeto sexual descartável, como as meninas do prostíbulo, ora como posse, como quando Heitor grita à todos que sua neta lhe pertence. Os homens são cruéis e as mulheres oprimidas naquela terra sem lei.Pode parecer gratuito, mas a toda hora nos é mostrada a nudez tanto dos rapazes, como das moças.Mola mestra de um local sem perspectiva, o sexo desenfreado e a cachaça comandam a vida daquela gente. O pouco de beleza que se tenta mostrar no filme, resulta na mostra da cultura carnavalesca local, com seu colorido pobre e melancólico.
Um cineasta raro e abusado, que ainda tem muito para mostrar sobre a sordidez humana de um Brasil sujo e feio.
"Cadê a manteiga?". :)
ResponderExcluirFilmaço! Saí chapada do cinema.
Vi em pré-estréia com presença do diretor e elenco. Ninguém aplaudiu.
Beijo.
Cê sabe que eu acho estranho esse negócio de aplaudir um filme. Se bem que, com a presença do elenco e diretor faria sentido. Digo isso, pois quando assisti a Borat o povo começou a aplaudir.
ResponderExcluirEu li no seu texto"caio" a respeito do filme.
Mudou o cabelo... Agora a fotinho daí de cima está desatualizada, hehe.
Aplaudir um filme só faz sentido com a presença do diretor, senão é ridículo.
ResponderExcluirAgora estou morena. Deixei de ser Clementine. ;)
Beijo.