11 de setembro de 2006

O Maior Amor do Mundo – Cacá Diegues



Bela surpresa este novo filme de Cacá Diegues, belo filme. E isso, para mim, é uma grande coisa, por achar o diretor, supersuperestimado. Tirando “Chuvas de Verão”, que realmente acho um lindíssimo filme, todos os outros filmes de Cacá, nunca me agradaram. Dentre todos os filmes dele, e olha que eu assisti a praticamente todos, sempre a defeitos que me incomodam, e uma ou outra cena, que acaba compensando o filme todo, como exemplo, cito a cena final de “Deus é Brasileiro”, com Paloma Duarte e Wagner Moura numa canoa. Mas em todos seus filmes prevalece pouco, do que é mostrado. Mais vale o fato heróico do diretor conseguir produzir muitos filmes, sendo isso tão difícil no Brasil.

Talvez o grande acerto de Diegues nesta sua última produção, seja o fato de o filme ser extremamente pessoal, como se o diretor estivesse não só contando a história de seu protagonista Antonio, vivido muito bem por José Wilker, como a sua própria história. Ao contrário de seus outros filmes, este tem o roteiro todo concebido pelo próprio diretor, que parece querer expiar suas culpas burguesas através do astro-físico Antonio.

Pouco pode ser dito a respeito da história, com chances de uma ou outra surpresa ser estragada para quem não viu o filme ainda, que conta os últimos dias de vida de um sujeito que mora nos EUA, mas quando se descobre doente terminal de um câncer ,volta ao Brasil, atrás das suas origens, e de certa forma, um sentido para a sua vida, que agora está chegando ao fim. E assim, Antonio de repente se vê, diretamente dos altos círculos acadêmicos americanos, num lixão na baixada fluminense, local onde sua mãe deu à luz a ele, e logo em seguida morreu.

Antonio percebe que pouco ou quase nada aproveitou da vida, que não amou, ou deixou se levar por qualquer tipo de sentimento. Sua vida sempre foi ligada a racionalidade. A ciência como meio e solução da vida. Com o passar da história, vamos descobrindo o porque der algumas feridas, e a semelhança entre pai e filho. O pai, vivido por Marco Ricca e Sergio Brito, flor murcha por ter vivido um grande amor inesquecível com a mãe de seu filho. Antonio, vivido por José Wilker, uma flor murcha, por não ter vivido o amor, guardado em seu peito. Que desabrocha no convívio com as pessoas do subúrbio, estes vividos por Lea Garcia, Sérgio Malheiros e Thaís Araújo, lugar que guarda sua história e a bela história de amor de seus pais. É onde ele nasceu, que ele no final da vida, vai se encontrar.

Além da ótima atuação de todo elenco, e do roteiro coeso, o que mais salta aos olhos neste belo filme, é a fotografia de Lauro Escorel, trabalho primoroso, que mexe muito com as escuridões do personagem, assim como desenvolve uma belíssima fotografia do lixão onde Antonio acaba passando muito de seus momentos no filme.

O filme mexe com muitas coisas que me são caras, daí o fato de eu gostar tanto do filme. A eterna procura por si mesmo. O porquê de estarmos neste mundo. O tempo perdido, a espiritualidade. Enfim... uma bela surpresa deste cineasta, que espero, desenvolva mais projetos pessoais como este simples e belo filme.Em meio a tantos filmes nacionais ruins, neste ano, este traz um pouco de alivio e ar ao ambiente, ufa.

6 comentários:

  1. é um filme simpático. mas onde o diegues é superestimado? só se for na Globo. não conheço ninguém que defenda o cara

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  2. Pô, Sérgio, só o fato dele conseguir produzir tanto, já mostra que ele consegue simpatizantes à sua obra.Não digo que defendam ele,mas é bem respeitado.

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  3. po, então, segundo o seu raciocínio, paulo Thiago é superestimado?

    quem tem pistolão tb?

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  4. Que isso... tá louco. Na boa, é ofensivo para o Cacá Diegues ser comparado com o Paulo Thiago, esse não tem jeito, não.

    Pelo jeito, o Moacir Goes também, eca!

    Ah! Não esqueça do nosso joguinho, furão. E do meu din-din também, hehehe.

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  5. vc que falou. paulo thiago produz mais que o diegues

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  6. Não viaja Serge, não falei nada disso não . Tá louco.

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