15 de fevereiro de 2007

Dias de Glória – Rachid Bouchared


A Revolução Francesa nos trouxe uma nova era. E seus princípios e lema (liberdade, igualdade e fraternidade) se alastraram, desde o final do século XVIII, sobre todo o ocidente e serviram de guia para a democracia em que (acho) vivemos. Digo isto, pois seria certo a França nos passar o exemplo de como estes ideais devem ser inseridos na sociedade, de maneira geral.Acontece que nada parece ser o que é. E filmes como este nos confirmam esta tese.

Dias de Glória vem ressaltar a difícil e servil relação da Argélia com a França, isto é, os colonizados com seus colonizadores. Se no ano passado isto foi mostrado às claras, mas no âmbito familiar e restrito, pelo ótimo “Caché” (concorrente ao Alfred de melhor filme) e sua impressionante cena da navalha. Neste também ótimo filme, a questão é colocada, sobre a perspectiva da segunda guerra mundial, onde os colonizados lutavam e morriam pela liberdade de seus colonizadores. Uma difícil situação, totalmente inverossímil, e que aconteceu de fato nos anos de guerra.

Acompanhamos a difícil missão de uma tropa formada pelos colonizados, que procuram entrar na briga, de frente com o poderia alemão. Fica claro que os argelinos eram uma espécie de peões,como no jogo de xadrez. Ou seja, os primeiros a entrar na linha de tiro, à troca de uns míseros trocados e promessas falsas de seus colonizadores por melhores condições de vida. Mas sabemos e vemos que a história foi bem outra, e que na realidade, até hoje, se alastram questões jurídicas a respeito de aposentadoria e direitos a estes bravos e heróicos soldados, sendo que a maioria morreu sem ver seu feito respeitado pela França.

No filme em si, acompanhamos a batalha de quatro soldados e seu sargento chefe – alias, que elenco perfeito - na difícil convivência com os outros soldados, em especial com os superiores franceses. Uma longa luta por sobrevivência e exigência de melhores condições de vida, ou melhor, por respeito e a tal igualdade tão alardeada. Mas tudo é muito difícil, e entre promessas falsas, vemos por exemplo, um soldado apaixonado por uma francesa, que não consegue se comunicar com a amada, porque os “amigos” franceses interceptam suas cartas. De maneira discreta, não querem a “mistura” de raças, mesmo que este lute e ganhe heroicamente, várias batalhas em nome da França.

O que mais chama a atenção, é a forma distinta como tudo é mostrado. Em nenhum momento o filme toma as dores de seus soldados. Tudo é mostrado de maneira sóbria e eficiente, e quem ganha com isso é o público, que tem a oportunidade de assistir a um belo filme. Para mim, particularmente, a grande surpresa do ano, que certamente figurará entre os melhores de 2007.

Um comentário:

  1. aê...agora é só entrar em Modelo (ou template), achar onde estão os links e mudar esses símbolos por letras.

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