17 de novembro de 2006

Os Infiltrados – Martin Scorsese


Difícil falar sobre os filmes de Scorsese. Ele é um daqueles poucos cineastas, que 99% dos cinéfilos amam, ou procuram amar. Ele merece, construiu sua carreira de maneira perfeita, e é realmente um dos grandes artistas contemporâneos. E agora com seu último filme, ele tem sido endeusado mais ainda, pois voltou (dizem) ao seu habitat, que é contar estórias sobre ítalo-americanos, gângster e afins. Não que eu concorde com isso, acho o diretor bom de qualquer jeito, e meus filmes preferidos dele (abaixo do texto, ponho uma lista por ordem de preferência), nem mexem com o tema. Mas de qualquer forma o filme é muito bom, mas não uma obra-prima por enquanto, e principalmente nos brinda com a parceria (finalmente) entre Nicholson e Scorsese. É estranho, está parceria só rolar agora, pois talvez, ambos sejam os dois grandes americanos do cinema, o maior diretor e o maior ator em atividade.Ou alguém dúvida?

Muito já se sabe e foi escrito sobre o filme, procuro aqui lembrar o que mais gostei e o que me incomodou no filme. Antes preciso ressaltar que absolutamente “todos” os filmes deste cineasta precisam ser revistos. Ele é um dos poucos (que eu me lembro) cineastas, que tem uma obra que cresce com o passar do tempo. Mesmo seus filmes mais recentes como “Gangues de Nova York” ou “O Aviador”, cresceram em minha concepção depois de assisti-los novamente.

Bem no começo do filme, Frank Costello (já antológico personagem de Nicholson) comenta: “polícia ou bandido, com uma arma na mão, qual é a diferença?” E é justamente este o ponto mais interessante, uma vez que o bandido infiltrado na polícia ao seu comando (Matt Damon), assim como o policial infiltrado em sua gangue (Leonardo DiCaprio) sofrem, principalmente com a confusão de suas reais e imaginárias identidades. Quem mais sofre neste caso é Billy Costigan (DiCaprio), que vive o tempo todo no limite da pressão, do medo, de ser descoberto.

Alias, este é o grande feito de Scorsese, contra todas as críticas possíveis, acreditou em DiCaprio, que virou uma espécie de De Niro, que outrora fora seu parceiro constante. Nesta terceira parceria, DiCaprio está cada vez melhor. Sentimos a pressão de seu personagem num crescente angustiante.

O que acho que poderia ter sido mais bem trabalhado no filme, é o triangulo amoroso entre DiCaprio, Damon e Vera Farmiga. Não há tesão no ar, e Farmiga constrói uma personagem apática, muito aquém do que poderia se esperar. Entra aí, o outro problema do filme. Se Scorsese é um excelente contador de estórias, neste filme acho que ficou faltando uma densidade, ou melhor, um melhor detalhamento de seus personagens. Eles estão ali, mas quais suas motivações? É como se acompanhássemos tudo de longe, o distanciamento é maior do que deveria. Mas estas impressões podem mudar, numa segunda chance ao filme, é claro.

Nesta sua trilogia com DiCaprio nas telas. Scorsese nos brindou com o nascer violento de uma nação (Gangues), depois com a expansão e o poder do dinheiro/homem (Aviador). Agora nos mostra a derrota de um país sem lei, chafurdado entre ratos e guerras inventadas. Em cada um destes filmes, expõe de forma sutil, porem intensa, suas idéias a respeito de uma América, que está longe do ideal, longe de ser entendida. Mas mesmo mostrando as feridas de seu país e expondo-as para o mundo, seu amor também está lá, como o amor a um filho problemático. Scorsese expõe seu país ao mundo, suas feridas. Através de seu talento, e que talento...

Os filmes que assisti de Martin Scorsese ( por ordem de preferência):

01 – A Última Tentação de Cristo * * * * *
02 – A Época da Inocência * * * * *
03 – Taxi Driver * * * * *
04 – Touro Indomável * * * * *
05 – Contos de Nova York (Lições de Vida) * * * * *
06 – Os Bons Companheiros * * * * *
07 – O Rei da Comédia * * * *
08 – Depois de Horas * * * *
09 – Vivendo no Limite * * * *
10 – Kundun * * * *
11 – Cabo do Medo * * * *
12 – Cassino * * * *
13 – Gangues de Nova York * * * *
14 – O Aviador * * * *
15 – Os Infiltrados * * * *
16 – A Cor do Dinheiro * * *
17 – Caminhos Perigosos * * *
18 – New York, New York * * *
19 – Alice Não Mora Mais Aqui * *

6 comentários:

  1. cara eu gostei do filme, mas acho que ainda não mereçe o titulo de melhor do genero de 2006...
    mas é um filme que me agradou muito, o diretor honrou seu profissionalismo. O elenco é pesadissimo, muito bom...
    abraços...

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  2. Oi, Beto.
    Achei esse filme tão foda que, mesmo tendo visto ele recentemente na Mostra, já estou com vontade de revê-lo agora em circuito comercial.
    Beijo.

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  3. De um Beto para outro, você fica chateado se eu não concordar com a posição que você deu para Cabo do Medo? Brincadeirinha! Os Infiltrados, como você mesmo disse e não há o que contestar, é a volta do velho mestre Scorcese ao seu habitat. É o melhor filme do ano até agora? para mim, é. É o melhor se Scorcese? Ainda não. Ele pode fazer mais e nós sabemos disso (vidade Táxi Driver, Os Bons Companheiros e Caminhos Perogosos). Saí do cinema extasiado, principalmente com o monstro sagrado chamado Jack Nicholson. Por que só agora Scorcese trabalhou com o velho Jack? quantos filmes bons perdemos com essa parceria. Mas, como diz o ditado, quem espera sempre alcança...Abraços do crítico da caverna.

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  4. meu top 10 do homem...przao de validade: um dia

    1- Cassino
    2- Touro Indomável
    3- Depois de Horas
    4- O Rei da Comédia
    5- Na Época da Inocência
    6- Vivendo no Limite
    7- Taxi Driver
    8- Cabo do Medo
    9- A Última Tentação de Cristo
    10- Gangues de Nova York

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  5. Melhor do ano? Hum... nem de longe, como explico na minha lista dos melhores logo embaixo.

    Alê, como eu comentei no texto, Scorsese é um diretor que cresce com o tempo, na revisão, logo, logo devo rever também.

    Pô Serge, me surpreendeu "A Última tentação" na sua lista dos dez mais do homem.

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  6. Melhor do ano? Hum... nem de longe, como explico na minha lista dos melhores logo embaixo.

    Alê, como eu comentei no texto, Scorsese é um diretor que cresce com o tempo, na revisão, logo, logo devo rever também.

    Pô Serge, me surpreendeu "A Última tentação" na sua lista dos dez mais do homem.

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