24 de janeiro de 2007

Babel – Alejandro González Inarritu


A falta de comunicação permeia a vida de todos, em qualquer lugar. Seja em família, na mesa do jantar, ou mesmo até, no serviço, em meio a pessoas que convivemos durante a semana inteira, mas não conhecemos a fundo. É a solidão latente, que vive incrustada nos corações e mentes das pessoas nas grandes capitais, ou mesmo em cidades pequenas. O telefone, e principalmente a internet, fizeram com que o mundo ficasse bem menor. As distancias já não existem para a comunicação entre as pessoas.

De que vale tanta tecnologia e facilidades de comunicação, se o homem está cada vez mais estranho ao homem. Quanto mais próximo mais distante, num abismo no qual todos se fecham e se protegem da violência, e com isso do convívio, do toque, do sorriso, que o outro possa oferecer.

Inarritu procura desde o seu primeiro e excelente filme, falar sobre a falta de comunicação entre as pessoas. E agora, no terceiro e aguardado Babel, merece aplausos por adentrar no mundo da (falsa?) globalização mundial.Como um gesto ou ato num determinado local do planeta, pode influenciar em outro país totalmente diferente. Se o resultado não é dos melhores, e pelo menos, importante e oportuno.

Com a ação se passando em diversos locais diferentes do mundo, Inarritu acerta e erra ao mesmo tempo, por estereotipar seus personagens, a cada cultura que pertencem. Temos os festeiros e por vezes bobos mexicanos. Setor do qual o diretor conhece bem por ser um mexicano também. Por isso soa estranho, este núcleo ser o menos bem desenvolvido, tendo por base o personagem de Gael Garcia Bernal. Será proposital?

Os americanos são os super astros do mundo moderno e aqui são representados por Brad Pitt e Cate Blanchett, que fazem um casal em viagem ao Marrocos, para uma tentativa de salvar um casamento preste a acabar, justamente pela falta de diálogos entre o casal, desde quando uma tragédia os abateu. Aqui, os americanos são os ricos com problemas de consciência.

Por outro lado temos a família marroquina, com seus costumes antigos, onde também não há muito dialogo, e em meio a sujeiras e muita poeira, a família vive através das rédeas curtas de um pai autoritário.

Do outro lado do mundo temos a melhor estória. Uma garota surda vive seus conflitos sexuais, juntamente com seus conflitos pela sua deficiência auditiva. Junto a isso, tem ainda a falta de dialogo com o pai, principalmente depois de sua mãe morrer de forma abrupta.

Apesar da distância que os separam, acabam se interligando por um tiro disparado, que acaba trazendo conseqüência a todos. Mesmo parecendo por vezes uma coisa forçada, o filme se desenvolve bem. E ainda tem uma boa interpretação de Brad Pitt e principalmente Rinko Kikuchi. Alias, tem uma cena em que ela solta um grito de desespero, que por si só já vale o filme.Enquanto ela se sente extremamente só, ao fundo vemos uma Tóquio cheia de gente e luzes coloridas.

Um filme que tem sido amado, e mais ainda odiado por muitos, que até já chegaram a compara-lo a Clash, ganhador (!?) do último Oscar. Nem uma coisa, nem outra. O filme é apenas mediano, mas desenvolve um assunto urgente e interessante. Mas que não merece toda a pompa a que está se aventurando. Melhor seria prestarmos mais atenção nos filmes dos outros mexicanos como “O Labirinto do Fauno” de Guillermo Del Toro e “Filhos da Esperança” de Alfonso Cuarón. Estes valem a pena.



2 comentários:

  1. É, parece que poucos gostaram tanto do filme quanto eu.
    Achei um filmaço. O melhor do Inarritu até agora.
    Beijo.

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  2. Mas é um filme que cresce na minha memórioa afetiva. Quero rever, e talvez melhorar minha impressão.Gosto muito da parte japonesa.

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