1 de novembro de 2008

Os Desafinados – Walter Lima Jr.


Desafinado, ou melhor, desatualizado, com os recentes acontecimentos - como a Mostra, e mesmo o cinema de uma maneira geral - pois fiquei algumas semanas meio que fora do ar, acabei assistindo a este filme apenas recentemente, na raspa do tacho, nos cinemas. Apesar da minha saudade pela tela grande e a pré-disposição para acentuar os pontos positivos de uma produção nacional, inclusive pelo tema que muito me agrada, o resultado acabou me decepcionando.



Recentemente, embalado pelas comemorações de aniversário da Bossa Nova, reli “Chega de Saudade” de Ruy Castro e em seguida li a maravilhosa biografia
sobre Tom Jobim, escrita por Sérgio Cabral (o pai, não o governador) e em ambos, o que se ressalta é o quanto aquela turma liderada pelo super Jobim e seus não menos super-músicos-poetas, fizeram pela música, de forma positiva e mundial. Gostando ou não, eles foram muito bem sucedidos. Decantaram o Rio de Janeiro dos anos dourados, do presidente Bossa Nova, da primeira conquista mundial e em seguida a segunda Copa, quando o Brasil realmente parecia o país do futuro. Em ambos os livros se conta a história real de pessoas que foram muito bem sucedidas naquilo que se propuseram, parece até que foi tudo um mar de rosas. Mas não foi bem assim.

Realmente, foi uma grande idéia do diretor do belo e poético “A Ostra e o Vento”, a de contar a história de alguns músicos que não conseguiram trilhar o sucesso que Jobim e outros trilharam, tanto aqui quanto fora do Brasil. Inclusive, personagens como o de Rodrigo Santoro são baseados em fatos verídicos, por mais incrível que pareça. Tinha tudo para se tornar um filme histórico, mas saiu... Desafinado.

Vale ressaltar várias coisas que saíram corretas, como a personagem de Cláudia Abreu e seu banho na banheira (desculpe Pedro Cardoso) e sua sintonia com Santoro. O cineasta que no passado era um engajado socialista vivido por Selton Mello, que nos dias atuais virou um diretor publicitário capitalista. As belas canções do próprio diretor com Jair Oliveira, ou mesmo a comovente interpretação de Alessandra Negrini para “Caminhos Cruzados”, canção que sempre me emociona. Mesmo as cenas em Nova York, no parque, são muito bonitas, mas...

Ao contrário do poético e musical (sim, as cenas se interligam como uma sinfonia) “A Ostra e o Vento”, e porque não mencionar “ O Monge e a Filha do Carrasco”, aqui as cenas não se encaixam (logo um filme tão musical), tem horas que o filme se perde em sua montagem, e algumas cenas com os músicos, nos dias atuais, são realmente constrangedoras e desnecessárias, como a patética cena final, do filho desconhecido que volta. Como pode um diretor tarimbado e talentoso como Walter Lima permitir uma macacada como aquela dublagem entre Selton Mello (cineasta jovem) e Arthur Kohl (cineasta velho)? Ah, insensatez! Não faz sentido algum, e acaba atrapalhando e muito uma obra que deveria ser ímpar.

Mesmo querendo gostar, o resultado final acabou ficando aquém do esperado. Que pena. Mas de qualquer forma, viva a Bossa Nova e seus músicos, com sucesso ou não.

2 comentários:

  1. Achei um filme ok, e só.
    Fazia tempo que não passava por aqui! Também andei um tempo fora do ar.
    Beijo.

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  2. Oi Alê, que bom receber sua visita. Tenho que voltar ao blog com masis frequência. Promessas de ano-novo!
    Volte sempre,
    Beijo

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