13 de junho de 2011

Minhas Tardes com Margueritte - Jean Becker


Não sou de muita curiosidade para com a internet, vídeos e textos que são muito comentados eu passo batido. Mas sou um curioso nos ônibus e trens de metrô da cidade em que vivo. Sobre o que as pessoas lêem a bordo. Procuro nos acentos, assim que adentro uma pessoa que esteja com um livro na mão e me sento próximo a ela, a fim de descobrir o que esta pessoa esta lendo, ou mesmo ficar só do seu lado, com a satisfação de estar próximo a uma pessoa do mesmo “clube do livro”. Mesmo sem ela saber, e por vezes até, me achar estranho, enxerido, procuro saber o que esta sendo lido e ficar ao seu lado. Tenho vontade de dizer que estamos “irmanados” pelo gosto à leitura e fazemos parte de um seleto grupo super fantástico. Faço isso desde menino, quando o “bicho” da leitura me mordeu. Pois bem, o que deu para perceber, que na maioria das vezes, são livros espíritas ou de alto-ajuda. Mas isso não importa, pois assim como pizza e sexo, qualquer livro mesmo ruim é bom. Como declarou Tony Ramos numa recente e ótima matéria na revista Veja a cerca de um mês: “A leitura forma e informa o homem”.

Sendo assim, fui assistir a este filme com especial atenção, pronto para gostar, pois conta a história de um homem com dificuldades na leitura, que começa a se encontrar com uma senhorinha idosa e deste encontro inusitado, sempre as tardes num banco de praça, ela começa a ler seus livros para ele, que assim começa a descobrir o maravilhoso e rico mundo imaginário dos livros, com isso, tudo se modifica no seu modo de ver a vida, o mundo ao seu redor.

Mas, talvez por esperar tanto deste filme, achando encontrar a tal irmandade com o tema, acabei me decepcionando com o filme. Achei que foi conduzido de forma rasa, tanto na abordagem dos livros mostrados, como em todo o restante que cerca os personagens, muito simpáticos, diga-se de passagem. Até parece outra França, e não aquela na qual lemos e vemos a respeito nos jornais impressos e na TV, cada vez mais direitista e xenófoba. Neste filme, franceses e estrangeiros convivem harmoniosamente. Ok! Talvez a uns sessenta ou cinqüenta anos atrás, mas não nos tempos atuais. Enfim, um belo argumento e bons atores, que poderiam ser muito melhor explorados com um roteiro e direção melhor.

Logo após este filme, acabei entrando em outra sessão, com outro filme francês: “Como Agarrar um Coração”, que apesar do cenário belo, feito em varias cidades francesas, não passa de uma cópia mal feita daquelas comédias americanas, que a gente ousa perder tempo em DVD , talvez, num dia chuvoso, quando não tem coisa melhor para se assistir.

Li nos jornais, que estes dois filmes, foram os dois maiores sucessos do ano, nos cinemas franceses, batendo recorde de bilheteria. Terra da Nouvelle Vague, Rhomer, Truffaut, Godart Chabrol, Malle e outros. Bem mediano, o gosto desta nova geração francesa, hein?

6 comentários:

  1. Mais um excelente texto Beto, mas existe bons novos diretores franceses como Dominik Moll, já assistiu o seu Lemmings? Bom filme, Grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. Eu acho que o cinema comercial francês não é mesmo grande coisa, Beto. Não deve ser muito diferente do Brasil ou dos Estados Unidos. Imagino que a maioria lá não tem tanta coragem pra sair de casa para ver um Godard ou um Rohmer. heheh

    ResponderExcluir
  3. Não vi não Celo, preciso assistir a este filme também.
    A questão, Ailton, é que costumo pensar que o povo francês é intelectualizado e assite sim, só grandes diretores. Mas devo estar enganado né? A verdade é que o cinema de maneira geral ando muito do mediocre. Não é amargor meu, é realmente um fato. Muitos dos filmes que assisti este ano no cinema, não valeram o valor do ingresso, infelizmente.

    ResponderExcluir
  4. Pois é. Acho que a gente pode até ver uma amostra disso através da Mostra Varilux. Sempre tem filmes bacanas e de respeito no meio, mas a maioria é fraca. E olha que devem ter outros bem mais populares e ruins no mercado de lá que não chegam por aqui. Mesmo assim, continuo achando que o povo francês é um dos mais intelectuais do mundo, apesar disso. Mas há a elite intelectual e a "plebe". hehehe

    ResponderExcluir
  5. Talvez por isso, Wood Allen revisite uma Paris dos anos 20/30 dos seus sonhos (se não me engano)no seu novo filme, que aguardo ansiosamente. Antigamente, Paris era considerada a capital cultural do mundo, não é mesmo? Mesmo a "plebe" tinha seu glamour. Você viu aquele "Nos Muros da Escola", se for daquele jeito a coisa tá feia lá.

    ResponderExcluir
  6. Pois é. A França está passando por um problema muito sério devido à "pluralidade de culturas" que invadiu o país. A questão não é nem querer dar uma de fascista/nazista, mas eles abriram demais as porteiras. Vão ter que fazer agora como os Estados Unidos e a Inglaterra. hehehe. Se bem que todos eles merecem: os três países já foram muito perversos com os seus colonizados.

    ResponderExcluir