19 de julho de 2011

Houve Uma Vez Dois Verões – Jorge Furtado


Sabe aquele filme que você assiste diversas vezes, e se por acaso ele esta passando em algum canal e te pega, lá vai você assistir novamente e quando termina você faz: Ah! Que pena que acabou! Pois é, este filme é um desses, que ontem me pegou novamente no Canal Brasil. E de novo... Adorei!

Primeiro longa-metragem de Jorge Furtado, que veio logo após o fantástico curta-metragem “Ilha das Flores”, também pode ser seu (por enquanto) melhor filme, apesar de que eu também ache todos os outros quatro filmes dele – “Saneamento Básico”, “Meu Tio Matou Um Cara” e “O Homem Que Copiava” - sensacionais. Alias, revendo este filme, pude perceber porque ando tão desanimado com o cinema nacional ultimamente. O que acontece é que todos os cineastas que aprendi a gostar e admirar parecem estar naquele período de entre safra, já faz um tempo que não produzem algo inédito. Como exemplo, o próprio Furtado, Beto Brant, Carlão, Karim Ainouz, Salles, Ugo Giorgetti, e outros que não lembro agora. Uns com um tempo a mais (Giorgetti), outros que estão no começo (Ainouz), mas com uma obra mais que respeitável. Pois, sem o carimbo da imperiosa Globo Filmes, e sem a mediocridade que ciladas e vira-latas podem proporcionar a novos espectadores do novo cinema nacional, estes são os caras que ainda conseguem produzir filmes bons sem a necessidade de vender à alma ao plin-plin.

Já que não há nada de bom e novo, vale ver ou rever filmes não inéditos, como este que trata do universo de adolescentes, sem tratá-los como imbecis, como a maioria dos filmes americanos destinados a esta faixa etária. É realmente uma pena que o filme não tenha obtido o sucesso de público que merecia e deveria ter. Os diretores americanos poderiam aprender com o Furtado a tratar o jovem com o respeito que merece. Lembro que na época em que o filme foi lançado, Furtado declarou que se inspirou nos filhos para escrever o roteiro. Bela homenagem de um pai, para seus filhos, que alias aparecem no filme, seja sua filha, em uma “ponta”, ou mesmo seu filho (Pedro Furtado) que co-protagoniza o filme fazendo o papel de Juca, junto com André Arteche que vive o Chico.

De cara, o que me agrada no filme é saber que existe uma praia (peço desculpas aos gaúchos pela ignorância) que é a maior – fato - e pior do Brasil, segundo os personagens. Nesta praia é que todo o verão, os garotos Chico e Juca vão passar as férias escolares. Com a chegada da adolescência e os hormônios à milhão, tudo que eles querem é perder a virgindade e farão de tudo para conseguir seu intento. Quem acaba conseguindo primeiro é o Chico, que conhece a Roza com z (Ana Maria Mainieri) e passa uma noite dos sonhos com ela. Só que ela desaparece, e ele apaixonado, saí à procura dela pela imensidão da praia, sem encontrá-la. Na verdade, ela que o procura depois das férias, com a surpresa para ele de que está grávida. Mas será que está mesmo? Como assim? A foto acima da uma bela dimensão da situação de Chico "pato" e Roza.Como diria André no filme seguinte de Furtado: “As gurias são muito espertas”. E é isso que Chico descobre no verão seguinte, na mesma praia, quando encontra novamente Roza, para viverem outras descobertas, outras mentiras verdadeiras e outras verdades mentirosas. Enquanto isso, Juca, continua em sua luta árdua pelo fim da virgindade, sendo por vezes, e vezes, enganado por outras gurias espertas. Tudo isso embalado por uma trilha sonora fantástica, que espertamente é usada pelo diretor para acentuar várias cenas marcantes. E de quebra, mostrar ao resto do país, belas músicas de caras como Frank Jorge, ou mesmo uma versão matadora de “Nasci Para Chorar” com a inesquecível Cassia Eller, de encomenda para o filme. Pequena e admirável obra-prima.

Um filmaço, apesar de simples e curto. Que mesmo falando sobre o universo dos jovens de quinze ou dezesseis anos, fala ao coração de todos aqueles que não envelhecem na alma. Que como eu, continuam um menino ou menina, prontos para as surpresas apaixonantes da vida. Que como eu, adoram rock e música de boa qualidade, e que como eu que, por vezes ingênuo, na maioria das vezes, não sabe lidar com as gurias mais que espertas, mas as ama demais e clama pelo próximo beijo na boca, como se fosse o primeiro.



2 comentários:

  1. Beto, esse filme é muito bom mesmo.
    Assistiu As Melhores Coisas do Mundo ou Antes que o mundo acabe ? Tb são bons, vale uma conferida.
    Para não perder o costume, belo texto. ABs

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  2. Assisti, sim Celo. Antes Que o Mundo Acabe, é primo deste, já que o roteiro é do Jorge Furtado também. Num dos meus posts antigos, em que eu declaro meus votod de melhores do ano de 2010, de uma alhada depois, vai ver que "Antes" está entre os melhores do ano também. Singelo, mais imenso, Adorei! Já "As Melhores Coisas do Mundo" não gostei tanto, talvez precise dar uma revisada.

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