4 de julho de 2011

Potiche: Esposa Troféu – François Ozon



François Ozon filma muito, este é o terceiro filme assistido este ano deste mesmo cineasta, pois já passou nas telas o denso e pesado “O Refúgio” e em seguida o fantasioso “Ricky”. Talvez seja - ao lado de Wood Allen - o cineasta que mais produz. Mas ao contrário do mestre Allen, que traz na sua obra uma forte carga autoral, que faz nós pensarmos erroneamente que ele sempre faz o mesmo filme, apenas mudando uma coisinha aqui e outra lá. Ozon é camaleônico. Em cada filme atira para um lado diferente, passando do drama para a comédia tranquilamente (parece que está fazendo um suspense no momento), pois seu negócio é arriscar outra fórmula, tendo como cenário contínuo, seu país, a França, onde parece desfrutar de grandes incentivos – e sucesso - para seus projetos, quais sejam eles.

É preciso muita má vontade para não gostar deste filme. Se você for assisti-lo sem pretensões, certamente ira se divertir e se encantar com a riqueza de detalhes, entre cabelos, roupas, cenários e o colorido que remetem diretamente para os anos setenta, época em que se passa esta comédia.

Este filme conta a história de uma esposa modelo, rainha do forno e fogão, totalmente submissa ao marido, que devido à doença súbita do mesmo, se vê obrigada a administrar a fábrica de guarda-chuvas da família. Para surpresa de todos, não só ela obtém muito sucesso na nova aventura, como faz o negócio prosperar, trazendo mudanças não só para sua vida, mas para a de todos ao seu redor. Pois com estas mudanças, coisas do passado, de sua vida virão à tona. Amores do passado surgiram, ela mostrará que não era tão submissa como se supunha e as consequências serão inesperadas.

Poderia se dizer que Ozon quis discutir a reviravolta e o novo papel da mulher, que teve inicio no final dos anos sessenta e começo dos anos setenta, mas ele não se dispõe a entrar em nenhuma questão profundamente, não é este seu propósito. Ele quer apenas ter o prazer de trabalhar com Deneuve, e assim, deixar sua estrela principal brilhar.

Se Ozon passeia por diversos estilos, creio que ele usou este comédia como uma forma singela de homenagem a Catherine Deneuve. É um filme-homenagem. Ela é a razão de ser deste filme. Ele existe para ela e por ela. Nada mais justo. Afinal esta divina dama francesa do cinema, está linda e elegante nos autos dos seus setenta anos. Haveria outra estrela do cinema que envelheceu tão bem como ela? Basta comparar em algumas fotos atuais; Deneuve e Brigitte Bardot, por exemplo. Uma você tem vontade de beijar; a outra dá vontade de gritar de pavor. O enredo serve para as pequenas homenagens à estrela francesa, como o colorido do filme que nos remete à “Pele de Asno” ou a fabrica de guarda-chuvas que nos remete imediatamente ao delicioso “Os Guarda-Chuvas do Amor” ambos de Jacques Demy, onde Deneuve se mostrava no esplendor de sua juventude e beleza. Não bastasse, Ozon convoca Gerard Depardieu para um auxílio luxuoso, relembrando outro clássico (O Último Metrô) da Belle de Jour. Ela merece, pois talvez seja uma das únicas estrelas ainda na ativa, que realmente merece este título, que vem de outra época. A época de ouro do cinema francês e mundial, em que ela elegantemente sempre esteve e continua inserida. Linda e loira, conseguindo (ainda) mexer com o imaginário de seus velhos e novos fãs.

4 comentários:

  1. Pena q esse filme não esteja mais em exibição aqui no RJ, tava louco para ver, por aqui, cada vez mais só passa filmes ruins, o vicio em cinema é tanto q acabei vendo esses dias o novo Transformers, um lixo daqueles, mas fazer o q, quem não tem cão, caça com gato...hehehe. Mais um otimo texto e Deneuve ainda dá um bom caldo ne?
    Abraço.

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  2. Ela dá de dez na substituta que arranjaram pra ela no BELLE TOUJOURS do Manoel de Oliveira. hehehe

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  3. Lembro de quando comecei minha cinefilia, há tempos atrás, e sempre que assistia a algum filme com Deneuve ou mesmo Claudia Cardinale, ficava me perguntando como era possível tamanha beleza numa só mulher. Lindas demais.
    Celo, meu caro, em Sampa não tá diferente não, ontem mesmo assisti a um filme que nem estava afins que era um não sei o quê de Recursos Humanos, porque simplesmente não havia opções já que Transformers ou desenhos em geral eu não encaro no cinema. A coisa tá feia, é epoca de assistir aqueles filmes que você vai deixando para depois, em DVD, pelo jeito.

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  4. Beto, meu caro, meu fb é mcslobo@globo.com ou Celo Silva mesmo. Me add, para nos trocarmos uma ideia, O beijo no Asfalto arrumei um download na net, la te passo o link se quiser. Vlw.

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