13 de abril de 2006

Boleiros 2 – Ugo Georgetti

Para mim, é motivo de festa. Um novo filme de Ugo Georgetti, cineasta que adoro, ainda mais sendo a continuação de Boleiros, filme subestimado e incrivelmente pouco visto. Sem contar “O Príncipe”, que lembro ter sido o preferido por mim no ano de 2002, o que não é pouco. Todos os filmes de Georgetti contêm um personagem a mais, que é a cidade de São Paulo, muito familiar a mim, que como ele, mantêm uma relação de amor e ódio com a Metrópole habitada por nós.

Para falar de seu último filme, é preciso ressaltar, que antes de assistí-lo, li uma entrevista de Georgetti na Folha de São Paulo que muito me impressionou, tamanha descrença e pessimismo do cineasta sobre futebol brasileiro, tema central do seu filme, obviamente.

Se no primeiro Boleiros, Georgetti mostra o tempo, irremediável tempo, na vida dos jogadores e adjacentes. Neste último, além do corrosivo tempo às memórias futebolísticas, o grande vilão do simples futebol, é toda a modernidade e ação globalizadora, no moderno mundo do futebol, pois do primeiro Boleiros para esse, muita coisa mudou com as altas tecnologias e facilidades promovidas pela vida virtual. O mundo ficou pequeno.

O filme mostra que o futebol no Brasil é o ponto inicial para uma grande indústria que funciona por trás, pela frente e pelos lados. E com isso a magia, vai se apagando. Um bom exemplo no filme, é o bar onde a maioria da ação se passa, e lá se encontram os mesmos jogadores aposentados do primeiro filme, contando agora com o doutor Sócrates.O bar, totalmente reformado e modernizado por um jogador na crista da onda no exterior (seu time é o Roma), perde seu glamour, sua essência, e seus fiéis freqüentadores são postos numa mesa à parte, no andar de cima do bar. É a memória, o antigo, o velho sendo posto de lado, para os jovens atuais. São estes, os novos e também velhos envolvidos no futebol, assim vemos advogados, ladrões, empresários, marias-chuteira, juizes e todos os outros que fazem parte desta engrenagem moderna do futebol atual. Na mesa de cima, os velhos assistem a tudo apreensivos.

O olhar de Georgetti também não é nenhum pouco positivo. Se o primeiro filme tinha ainda um pouco de humor, neste a coisa piora. Boleiros 2 é um filme triste sobre a maior paixão do brasileiro. Quem ama, adora discutir e assistir futebol como eu, sente uma espécie de desencanto assim que acaba o filme. Percebi isso em dois rapazes que assistiram ao filme do meu lado, percebe-se que foram ao cinema só para se divertirem com o tema que mais gostam, o futebol.Saíram com um sorriso amarelo, quase que imperceptível.

Dá-lhe Georgetti, que belo (mas triste) gol marcado, neste mundo de Globo filmes.Que venha Boleiros 3.


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