21 de junho de 2006

Amor em Cinco Tempos – François Ozon


Mesmo antes de assistir a este filme, seu enredo já me lembrou Besame Mucho, filme nacional de Ramalho Jr. Baseado na peça de Mario Prata, escritor que gosto muito. Ambos os filmes, nos mostram uma relação contada inversamente, isto é, do final ao seu começo.

Mas falemos aqui desse novo Ozon, diretor que não admiro muito, apesar de ter assistido apenas outros dois filmes dele, este é o melhor sem dúvida. Nos é mostrado de forma concisa através de cinco momentos deste casal, os fatos que fizeram crescer e terminar uma história de amor.

Logo no inicio, vemos o casal junto a seus respectivos advogados tratando dos acordos finais para o divorcio. Uma cena difícil, para uma situação difícil na vida (creio eu) de qualquer um, que passa por este trauma. Nesta mesma cena o casal segue para um quarto de hotel, para um definitivo e último momento de amor. Mas as coisas não saem como o planejado, e ressentimentos guardados vão ser fatalmente expostos, novamente.

Ozon parece tentar achar, através de seus personagens, um caminho ou uma resposta, sobre o relacionamento de um casal. O que faz um casal ficar junto? Até que ponto deve-se investir nessa relação? Deve-se tentar até quando que o casal permaneça junto?

Na cena seguinte, temos uma mostra de como a coisa vai se deteriorando. Num jantar entre amigos, segredos do casal são revelados por ele, e ela demonstra em silencio, que não gostou de ver certos segredos seus serem revelados, mas não discute, guarda a mágoa. Com isso, percebemos que o que destrói aquele relacionamento, são seus pequenos detalhes mal resolvidos, suas pequenas marcas e manchas não resolvidas.

Como na terceira cena, no nascimento do filho do casal, em que inexplicavelmente, o marido resolve se isolar em momento de tamanha importância. Mágoa imensa guardada pela esposa, enquanto o filho luta sozinho pela sobrevivência numa incubadora.

Ao contrário dos latinos que são mais expressivos e verborrágicos. Acredito que os europeus, particularmente os franceses, têm aquela coisa de se respeitar em demasia o lado pessoal, individual, suas particularidades.E isso pode ajudar e muito para o declínio de um casal. Não que isso seja errado, mas é excessivo.

Este entrosamento, que se pressupõe, deveria existir entre eles, já se mostra vulnerável, já na quarta cena, a do casamento. Em que o casal recém casado não se mostra na mesma sintonia em plena noite de núpcias.

Mas o ápice do filme, o que parece fazer valer o filme inteiro, e porque não, uma vida inteira de um ser humano, é a última cena. Quando os dois se conhecem. A mágica e o fascínio de um amor florescendo, faz o mundo ficar lindo, parece que a natureza ajuda e sorri, pela beleza do nascimento de um novo amor. Sentimento imenso, maior que a vida, maior que o mundo, mesmo que dure pouco.

2 comentários:

  1. Meu caro, só agora descobri o seu (bom) blogue. Você também é cearense? Aproveito para convidá-lo (última chamada!) para participar da enquete sobre OS 20 MELHORES FILMES já vistos, promnvida pelo Balaio e que já editou mais de 30 listas de blogueiros e cinéfilos em geral. Aguardo sua lista (se for do seu interesse) até a próxima terça para o emeio balaio86@oi.com.br /Um abraço/.

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  2. Grato pelo elogio e convite, Moacy. Sempre entro no seu blog também. Vou preparar a lista com muito carinho e lhe enviarei até terça-feira.Sou paulistano da gema, e pretendo assim que for possível, conhecer sua boa e linda terra natal. Valeu!

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